sábado, 31 de julho de 2010

porque elas.

Mas sei lá por onde eu começo. rs...
Eu penso que mulher é uma única coisa de várias outras. É tipo quando a gente pega areia, mistura com água e faz um waffle, sabe? No fim das contas, não se sabe realmente se a mulher é tão difícil por ser um misto de muitas coisas, por ser uma coisa só que quer ser várias ou porque é tudo ao mesmo tempo sem querer admitir. E que eu toque violão com os pés agora se eu entendi alguma coisa do que eu disse. Ou mais: se eu entendo de mulher como dizem que eu entendo.

Não eu não entendo de mulher. Eu escuto mulher. Eu vivo mulher. Eu traduzo mulher. As pessoas costumam ficar impressionadas como o que eu digo realmente condiz com a realidade do público feminino. Se intrigam como um homem pode saber tanto da vida de uma mulher. Mas eu acho que não tem nada de tão incrível nisso. Todo mundo vê, todo mundo sabe. O problema é que ninguém para pra pensar.

Eu lembro quando a idéia desse blog surgiu, ano passado. Tava no quarto de uma amiga minha, junto com mais duas outras. Sempre achei interessante a dinâmica, e diria até a química, que rola num quarto de mulher onde duas ou mais se reunem. Elas simplesmente não param de falar nenhum segundo. E é uma doidera porque mulher é esse bicho que, quando conversa, muda de assunto assim como se clicasse em links diferentes... fácil! Uma hora estão falando de um menino, ai depois sobre o cabelo, adentrando na programação dos próximos shows da cidade, para depois lembrar-se de uma novidade que interrompe brutalmente o assunto anterior que jamais terá uma continuidade. E, desde então, as mulheres tem sido o meu objeto de estudo.

Hoje, mulher pra mim, é como investigar uma formiga no microscópio. A gente sabe o que é, como é e o que faz... Mas sempre que a gente olha bem mais de perto, surge alguma coisa a ser dita sobre elas. É como eu sempre digo, mulher é cheia de particularidades. Mesmo depois de tanto tempo, as vezes eu imagino sem conseguir entender, como será ser uma mulher. É fascinante observar como todos os meses, ano após ano, acontece ali, dentro de uma mulher, um ritual mágico de dor e vida. Foi a ela a quem se incumbiu a missão de trazer vida, real, ao mundo. E ai quando não está pronta para acender, o corpo sangra, como se lamentasse o fato naquelas lágrimas vermelhas de dor, de sentimentos bagunçados, de sensibilidade pelo avesso. Já parou pra pensar sobre como sangrar todos os meses é assim, tudo isso, mas também apenas uma parte do que diz respeito a uma mulher?
Acalma ver os cabelos dela surfando uma onda com o vento. Acompanhar as mãos delicadas cortando o ar sem fazer barulho. Me entusiasma ve-la chegar, com as outras, esboçando risos, inclinando-se para revelar, despretensiosa, o metro quadrado de pele e carne que transpira sensualidade sem aviso. Não é intrigante a transformação que atravessa o semblante delas, assim que sobem num salto e, ali, ninguém é mais forte? A leveza do ser, a força do olhar e o caminhar suave, assim como se os pés não estivessem sendo torturados pelo sacrifício de ser 10 centímetros mais linda. E também tem aquela hora que você as encontra e não sabe bem onde se escondeu a mulher que conhece. De repente ela está ali, tão linda e repleta com aquele traço negro dos olhos que você não sabe quem está no comando; o brilho sobrenatural nos lábios em consonancia com o tecido que caminha e escorre apressado sobre suas curvas que jamais foram calculadas. Mas elas nem são assim tão fatais quanto parecem. Ah não... Todos os dias é uma luta. Nascer mulher é, por si só, uma guerra. Há de se enfrentar o preconceito, as cabeças pequenas que prostituem a liberdade de ser o que se quer ser, a descrença de que elas podem mais do que eles, ou a simples incapacidade de reconhecer que a mulher não é uma nota de rodapé mas sim um poema que precisa ser dissecado para ser compreendido.
Mulheres, ao contrário dos homens, são sempre mais do que parecem... porque os homens se esforçam, todas as horas, em parecer mais do que realmente são. E aí é sempre uma surpresa ve-las se revelando, aos poucos, pra não causar espanto. No fundo, e entre si, elas gargalham de toda essa gente que insiste em achar que elas são o sexo frágil, o lado sem ambição da espécie. Mas tudo está ali. Todas elas pertencem a essa grande irmandade unida por um passado em comum. Na mulher persiste uma carga histórica, viva, que as lembra todos os dias porque ser mulher é uma luta. Mulheres morreram. Mulheres sobreviveram, mais do que viveram seus dias... Para que, no fim, pudessem ser iguais e livres dessa gente mesquinha e hipócrita que emputece um sentimento, ou uma mera vontdade, só porque vem de uma mulher. É por isso que admiro uma mulher, que faço questão de ouvi-la, de publicá-la, de expressá-la, de entende-la.
Porque mulher...
Ser mulher, convenhamos, é uma conquista.

Texto do Eu de Elas e eu no meio

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