terça-feira, 17 de abril de 2012

Aquele maldito silêncio


Por que casais em crise não conversam enquanto comem?



Sempre que eu vejo a cena ela me constrange: o casal come em total silêncio no restaurante, praticamente sem olhar um para o outro. Tendo passado por algumas crises de relacionamento, eu imagino que aquelas duas pessoas não têm mais nada a dividir além da conta. Elas simplesmente sentam lá, uma diante da outra, e se alimentam como se estivessem sozinhas. O que de fato estão.
Há pessoas, sobretudo mulheres, que acreditam na comunicação sem palavras. Em certos momentos mágicos, elas dizem, as pessoas apaixonadas são capazes de caminhar lado a lado, ou simplesmente estar uma com a outra, por longos períodos, sem abrir a boca. Estariam conectadas por um sentimento tão intenso que tornaria toda palavra desnecessária.
Imagino que esses momentos especiais realmente existam (fora daqueles densos minutos de silêncio depois do sexo, quando só fala quem está com urgência incontrolável de pedir um táxi para ir embora...), mas eu estou 100% seguro de que eles não acontecem ao redor da comida.

Por alguma razão ancestral, o ato de comer invoca uma felicidade gregária e primitiva, que precisa ser compartilhada por palavras – exceto quando as pessoas envolvidas já dividem uma porção invisível de tristeza, ressentimento ou profunda indiferença. Nestes casos, o silêncio se impõe de forma incontornável. Aos grupos, às famílias e, sobretudo, aos casais.

É por isso que eu, quando saio para comer, gosto de ouvir o som da voz humana vindo do outro lado da mesa. Uma mulher falando de maneira entusiasmada reafirma, para mim, várias coisas positivas ao mesmo tempo: que ela está bem, que ela continua conectada comigo e que ela e eu, juntos, ainda somos capazes de conjurar um momento de cumplicidade. É como constatar que o prato da relação não está vazio.

A comida é tão importante na vida emocional que, mesmo sem ser um grande comilão, eu posso me lembrar de vários momentos decisivos presenciados por garçons – ou transcorridos na cozinha de alguma casa.

Há brigas antigas que, anos depois, ainda me envergonham. Há a memória luminosa de diálogos carregados de sensualidade e expectativa. Há o som de uma risada que me fez querer beijar instantaneamente. Há a lembrança dos olhares e a sensação furtiva de corpos se tocando sob a mesa. Há, claro, os malditos silêncios, inúmeros, dos tantos encontros que deram errado ou das relações que esfriaram sem palavras sobre a mesa.

Quando coloco essas coisas juntas, elas parecem sugerir que comer na companhia de alguém constitui um teste de afinidade, um termômetro.

Um casal antigo que conversa com interesse na hora do jantar, mesmo diante da TV ligada, ainda deve estar na mesma sintonia. Um casal recente que divide feliz a feijoada de sábado provavelmente teve uma noite digna de ser lembrada. Um casal que sai pela primeira vez e consegue embarcar numa conversa apaixonada diante da sopa fumegante está na direção correta. Aqueles que cozinham juntos, rindo e bebendo, talvez sejam os mais felizes - provavelmente terão, depois da mesa, uma cama ainda mais gostosa.

Só não me peçam, por favor, para apreciar a magia do silêncio durante a comida. Essa percepção está reservada às mulheres profundamente intuitivas e seus parceiros sem palavras. Da minha parte, prefiro comer ouvindo uma mulher ansiosa me contando o seu dia repleto de detalhes cintilantes. Pode não ser a coisa mais misteriosa do planeta, mas é real. De alguma forma subjetiva me alimenta e me faz feliz – como um bom prato de comida, que esquenta o estômago e aquece o coração.  

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Enjoo fácil


Eu enjôo tão fácil das coisas e das pessoas. Das brincadeiras, das atitudes, dos olhares, das indiretas, dos assuntos. Principalmente, se já pisou na bola comigo alguma vez.

Não tenho paciência!! E tem coisas que me irritam, umas mais e outras menos, e quando acontece de eu me irritar várias vezes seguidas eu me afasto, eu enjôo.

Enjôoooooooo, me torra, me da preguiça, aí vou sumindo, sumindo, desapareço da terra e viro 1 telefonema a cada 3 meses.

Na amizade então...
Amizade pra mim é uma coisa gostosa, ligo não por obrigação mas por que gosto de falar, sempre escuto os problemas, mas gosto de ouvir conquistas, ninguém sofre 24 horas por dia, sim, eu escuto, mas me deixa falar também, eu também quero atenção, não só dar. Amizade é troca de carinho, não de favores.
Tenho poucas amigas que amo e serão pra sempre, não as vejo todos os dias, mas quando a gente se fala é festa, é felicidade, quando uma delas está mal eu dou meu ombro por que sei que fariam o mesmo por mim. E isso é natural, sem cobranças.
Li essa frase nesse mesmo texto que dizia assim:

“E se você me enjoar não to nem aí pra você, mesmo por que é melhor eu sumir do que vomitar na sua cara. Certo?”

E de primeira me pareceu grosseiro, estúpido, mas enfim... Quem tem a impactante sensação de sentir esse tipo de enjôo, consegue entender essa frase perfeitamente.

Acho que isso se deve muito ao fato d’eu ser extremamente eclética em quase tudo na minha vida. Gostar de tudo um pouco, ir a todos os tipos de ambientes e lugares; fazer a clássica hoje, e amanhã do nada a rústica. É uma troca de personagens. Que não enganam a ninguém, muito pelo contrário sempre todos bem sinceros. Eu gosto de diferenciar, de conhecer, de mudar os rumos ás vezes, nem que seja de pouquinho em pouquinho. Eu tenho a necessidade dessas mudanças, é por isso que vivo enjoando das pessoas, infelizmente é uma sensação que corrói quem sente, mas não tem jeito, a gente enjoa e quando nos afastamos é porque é melhor pra “boa  conduta” de ambos.

Lógico, tem sempre aquelas pessoas que estão com você até hoje, há tempos. Mas pode ter a certeza eu já enjoei em algum momento, mas foi rápido, passou. Estas são raras, mas existem.  

Nos relacionamentos uma única vez eu não consegui enjoar, e claro pra nunca mais. Desde então não consigo conviver com a mesma pessoa por muito tempo. Isso é normal? Será? Ás vezes eu enjôo depois de algum tempo de convivência, ás vezes nem tanto tempo assim, mas eu já estou enjoando, é como se eu precisasse “trocar” de pessoas ao meu redor o tempo todo!

E só eu sei a luta que é, pra continuar a sustentar sentimentos quando algo esfria pra mim.

domingo, 1 de abril de 2012

Quero ter a certeza. COM CERTEZA...


Um das grandes divergências internas que ando tendo é a do encanto. Da paixão. Do amor. Todo o resto, todas as outras áreas na minha vida vão bem, e muito bem, graças a Deus. Mas quanto ao setor das emoções, tudo anda neutro neutro. Tão leviano que chega a dar sono. Juro! 

E tem gente que vem questionar (Como sem pudessem), dizendo "Nossa, sono?! Jura? Que m* hein!". Mas então, é relativo quando se é uma opção que se escolheu, ou então um conceito diferente; outro modo de levar a vida. 

Se alguém estivesse no meu lugar talvez estivesse gostando, mas eu não. Internamente eu estou precisando suprir outras necessidades que não se resumem a beijos e estadias passageiros, não sou hotel pra hospedar e servir ninguém a hora que quiserem, e muito menos motel para enfim... 
Sou moradia fixa. E olha... Até do aluguel ando correndo. Quando eu te escolher, ou você tenha a certeza de que quer morar em mim e me compre, ou então vá pastar em outra freguesia. 

Eu não quero nada que me faça sofrer incontestavelmente. Nem quero viver por aí jorrando lágrimas por pessoas desnecessárias, esta fase já passou. Mas eu quero e preciso de um gás, aquele gás. Uma motivação, um sacode a poeira.

Todos os dias, em todos os momentos. Seja acordando ás 4:30 da manhã no escuro da madrugada indo pro curso, ou seja ás 18 da tarde no escuro da noite voltando pra casa.
Eu sempre sinto vontade de me apaixonar. Eu noto do carinha que tá segurando minha bolsa no ônibus, até aquele estranho que está parado no ponto. Noto, observo e daí vou tirando as conclusões do que quero pra mim, do que gosto ou gostaria em alguém, vou tirando traços, jeitos, atitudes... E sim, de pessoas desconhecidas muitas vezes. Talvez pessoas que eu possa nunca mais me deparar ou ver. Mas eu adoro, e é automático pra mim fazer esse tipo de coisa. 
Certos dias fica chato, eu me sinto uma retardada (risos). Por achar que está difícil demais encontrar; e conseguir ficar; e se entender e dar enfim certo de alguma forma. Mas aí, segue outro dia e eu volto a notar. Imaginar cenas bizarras e chegar a rir alto sozinha no ônibus, e em tantos outros lugares por aí. 
Quando se vive isso uma única vez, e sabe-se o quão gostoso e bom e prazeroso é, se quer mais. Mesmo que em alguns casos o sofrimento abale essa sensação maravilhosa da paixão, depois tudo volta ao normal. Como para mim de uns tempos para cá voltou. Eu definitivamente quero e acredito novamente nos sentimentos.

Exatamente! Apaixonar-me! Vontade de me apaixonar.
Viver aquela certa explosão de sentimentos. Sentir-se nas nuvens, ver tudo cor-de-rosa.
Contar os minutos, as horas para ver alguém. E estando ao seu lado, esquecer de todos os dias ruins da vida. Parece que tudo valeu a pena até ali, e que agora enfim chegou a recompensa.

Quero viver uma paixão com tanto entusiasmo como se eu nunca tivesse sofrido ou me desapontado. Quero viver uma paixão como se essa fosse a única razão de me sentir viva. Não é puro clichê, as vezes nós precisamos deste tipo de sensação. Desse misto de sensações que é se apaixonar. Temos fases nas nossas vidas que por horas são tão complexas; tão corretas; tão centradas; tão banais; tão despreocupadas; que ter uma fase de paixão, ou puro amor é preciso, é saltitante.
Em certos momentos estamos tão obcecados por algo material; uma promoção no trabalho; nos estudos; no colégio; num curso... Ou em qualquer outra coisa distinta da paixão. Que quando ela nos pega é quase arrebatador, é surpresa, você fica abobado como um pai quando fica orgulhoso de um filho. É, assim.

Me entregar de corpo e alma para minha paixão.
Quero me apaixonar sem medo e sem reservas. Quero poder ser eu mesma, quero uma paixão que me tire do sério, que me leve as nuvens, uma paixão avassaladora.
Ou que seja aquela silenciosa então... Quietinha, a paixão de poucos. Mas que seja uma!
O que importa é o prazer! Sempre! 

Quero me apaixonar, esquecer os amores que não deram certo, esquecer as frustrações, as brigas e os desentendimentos, quero esquecer todas as coisas ruins que me aconteceram. Quero me apaixonar, e o único receio que tenho é de não conseguir. Já que ando há tempos percebendo a grande falta disso na minha vida. Receio de me jogar no lugar errado, de depositar meus pensamentos em um coração e mente distantes demais de mim; da minha vista; do meu amor. E com isso o medo de ter e perder muito rápido, como é de praxe comigo. Ou até mesmo nem chegar a obter, e me perder diante disso.

E na verdade não é medo, não há medo. Parece que eu “sofro” meio que da síndrome da precaução. Essa síndrome que persegue os fortes de alma e coração. É praticamente uma regra interpessoal que algumas pessoas como eu, têm a força de vontade de adotarem para suas vidas. Que é criar em si uma bolha para se proteger, mas sim, sabendo aproveitar o mundo do lado de fora dela também. Mas mesmo assim, querendo se  proteger sempre, sabendo a sua hora nos momentos. Sabendo e vivendo para perceber nas pessoas, o que elas querem com você. O tempo inteiro. Nunca deixando rolar, nunca deixando no ar as coisas. Ou é 8 ou é 80. É tudo ou nada, ou quer ou não quer. Perceber tudo isso, antes mesmo de ser dito. 
E se por algum acaso as segundas opções acontecerem de fato. Sempre sair antes de tudo se expandir. E acabar criando proporções altas demais. 
  
Não suporto ter que esperar por respostas. EU é quem dou as respostas. Sou aquele tipo de pessoa que não consegue ficar a mercê de ninguém... A não ser quando se está apaixonada. Fora isso, não suporto! Eu gosto de ter controle, ou então apenas manter o meu em equilíbrio. Não vivo neurótica preocupada a todo momento, mas  sim, o controle é uma palavra que eu gosto de trabalhar no meu dia-a-dia. As vezes o tendo, ou não (risos).


É muita retração de idealizar demais, de criar expectativas demais, de me banhar da cabeça aos pés numa praia que não é particular e nem pretende ser... Sabe como é? Então... 

Eu preciso ter a certeza de alguém, e esse alguém de certo ter a certeza sobre mim também... Por anos, ou até mesmo por meses. Mas que seja uma certeza. Passe quanto tempo for, que acabe. Mas que eu nunca seja lembrada como um erro; um deslize; uma falha; um passatempo e principalmente indecisão. Que eu seja sempre lembrada por ele como uma das BOAS CERTEZAS de sua vida.

Marcella Rios

Eu queria me apaixonar de novo...


            Eu queria me apaixonar de novo não por o cara mais bonito da escola ou da faculdade ou do trabalho, eu queria me apaixonar por aquele cara mais tímido, aquele que fica geralmente sentando na cadeira sozinho, com o olhar absorto em alguma coisa, aquele que você venderia alguma coisa para saber o que se passa pela mente dele.

Eu queria me apaixonar de novo não pelo príncipe encantado que sempre aparece com cavalo branco... Fala sério isso é tão clichê é até difícil de acreditar ele existe – quando realmente não existe.

Eu queria me apaixonar por um cara simples, legal, que me fizesse sorrir quando lágrimas corressem por meu rosto, que me trouxesse chocolate nas minhas TPM’s, que me ajudasse a acertar quando eu estivesse errando, que tivesse defeito como todo e qualquer ser humano, que brigasse comigo quando eu quisesse ver um filme de romance justamente na hora do futebol.

Eu queria me apaixonar por um cara que não ligasse se eu estava de havaianas ou não, que me visse todos os dias de manhã e sorrindo me dissesse: “Você tá muito estranha” e me beijasse em seguida, sério! Ao menos ele seria sincero.

Sabe, eu não acredito em romances meia boca, para mim eles precisam ser práticos, diretos e verdadeiros, por isso eu me apaixonaria por aquele cara do ônibus com um sorriso bonito ou aquele que sabe que prefiro uma boa garrafa de coca-cola a flores.

Chega de romances clichês! Eu quero um romance de verdade com brigas e discussões, queria me apaixonar por um cara que me deixasse livre! Sim, livre! E que ao mesmo tempo soubesse que no final do dia era para os braços dele que eu correria.

Eu queria me apaixonar por um cara que não me entendesse por completo – esse seria gay -, nem que concordasse comigo o tempo todo – esse seria chato – que nem dissesse que me amava o tempo todo – esse seria chiclete. Eu queria me apaixonar por um cara que me olhasse nos olhos e dissesse que eu era o maior desafio da vida dele e que desvendar os meus mistérios era o maior presente que poderia ter.

Eu não preciso que diga que me ama, eu preciso que mostre que me ama.
Eu não preciso que fique no meu pé, eu preciso que diga que sente saudades.
Eu não preciso de apenas um beijo na boca, eu preciso saber o que existe por trás dele.
Eu não preciso que seja perfeito, eu preciso que seja eterno... Enquanto dure.

Ana Caroline