terça-feira, 17 de setembro de 2013

Talvez já saiba quem sou

Quando nos perguntam, do que mais temos medo, a maioria das pessoas responde: Da morte. Pois é, há um tempo atrás eu responderia exatamente isso. Mas hoje não, a partir de hoje não mais. A morte é clara, morreu acabou, então o que nos leva pensar no agora, no presente, no que ainda podemos mudar e vivenciar, demonstrar, fazer. Pensar no que já foi feito, em toda a trajetória que te faz chegar até onde está. É aquela velha pergunta, e se você morresse agora estaria satisfeito? Para alguns é fácil responder, para outros nem tanto, para uns é fácil modificar de hoje para amanhã. Para outros é a coisa mais difícil do mundo, e não porque não querem, mas por terem muitas outras coisas sobrecarregadas sobre si, muitas coisas vinculadas que infelizmente não dependem só ou mais da pessoa, ou que ainda se prendem ou se agarram a nós. Quando tudo que estava ao seu alcance já foi feito, onde mudar? Eu não tenho medo da morte, eu tenho é medo de morrer infeliz, triste. Medo de morrer sem ter me sentido realizada na vida, por algum motivo. E daí se eu não morrer velhinha, saudável, feliz, inteira como nos comerciais da TV? E se eu não conseguir ver meus netos, bisnetos? Isso é superável, isso não apavora, porque isso é normal, a cada dia que passa morrem-se mais pessoas jovens, acontece. Eu poderia morrer aos vinte e tantos, mas se eu já tivesse conseguido metade ou o comecinho do que eu "planejo" para a minha felicidade, para a minha tão desejada "realização", se eu encontrasse durante essa curta vida no máximo 3 pessoas verdadeiras, que me olhassem com olhares sinceros, e que eu sentisse exatamente o que elas me passassem, já estaria bom. Bom demais. 


Eu temeria não ter conseguido ter meus filhos, sim. Temeria não ter conseguido criar pessoas boas, sim. Temeria não ter formado a MINHA família, sim. Temeria não ter dado netos aos meus pais, sim. Temeria não comemorar os trinta, sim. Temeria muitas coisas, porque todo dia é um novo dia, e se pode viver coisas inacreditáveis, sei e sabemos disso. Mas talvez eu não conseguisse segurar toda a barra de ter tudo isso, talvez eu não sobreviveria. Então seria ótimo ter tudo isso, quero ter tudo isso, mas quero estar pronta para tudo isso, não quero chegar nem muito depois e nem muito antes. Mas quero chegar! Porém se eu não chegar, quero pelo menos terminar feliz, realizada com o que pude fazer da minha vida, até onde pude chegar. Não quero viver em vão, eu tenho medo é disso. De não valer, de não significar para mim a minha própria existência. 

Quando somos filhos de um "sobrevivente" que sofreu pra nascer e sobreviver, de alguém muito forte, de alguém muito durão e que segurou e segura as pontas de ser assim, acabam por nos rotular assim também, é bem quase que: "Ih, olha ali a ciclana, sabe de quem ela é filha? Do fulano, é do fulano!". Pensam, que só porque somos filhos herdamos tudo, e aí vão nos criando assim, agüentamos tudo, somos crianças grandes, ouvimos tudo, sabemos de tudo, até opinamos as vezes. Qualquer machucado, qualquer choro, qualquer desentendimento, ouvimos "Você é forte, agüenta firme!", muitas crianças são mesmo fortes e permanecem fortes até crescer e assim vão. Outras não, outras só acreditam que são fortes sem saber realmente se são mesmo ou não, sustentam a mentira dos adultos para que talvez, digo talvez, seja mais fácil para eles. Acho que me encaixo na segunda opção, sempre agüentei firme tantas coisas, sem medir se era suportável aquela carga toda ou não, eu simplesmente agüentava. Cresci e fui me moldando, criando minha personalidade e pronto, dei de cara com cargas maiores, em grande quantidade, tudo ás vezes de uma vez só. Parava e pensava inúmeras vezes "Sou realmente forte ou não? Ou só estou acostumada a ser forte e não pensar na minha sobrecarga? Sou forte ou isso foi o que me fizeram tornar? Talvez essa não seja eu." E acho que não era mesmo, é difícil encarar uma realidade que você acreditou ser sua durante anos, que você lutou achando ser você, que você agüentou porque achava que era obrigada a agüentar por ser assim desde pequena, porque todos sempre esperariam de você no mínimo isso, agüentar. 

E então pude tirar disso tudo que muitas vezes, na maioria quiçá, eu sou o oposto do que parece, do que demonstro, do que fui muitos anos, do que as pessoas enxergam. Ninguém me conhece, nem meus pais, por sempre me rotularem fortes demais, nem eles. Eu definitivamente não sou tão forte. Posso ser em alguns momentos e isso levar a crer que sou assim, mas não sou. Não sou tão fria quanto parece. Sou fraca, sou sensível, sou dramática, sou profunda, levo a sério, levo a ferro e fogo as coisas importantes, as coisas boas. Sou fria quando deveria ser quente, e sou quente quando deveria ser fria. Queria que as coisas e as pessoas não me atingissem da forma que me atingem, mas me atingem e eu não me vejo fazendo muita coisa quanto a isso porque eu sou assim, essa sou eu. Queria muito que, as coisas que acontecem na família não me afetasse, que a falta de humanidade das pessoas não me afetasse, que as falsas amigas, que as falsas amizades não me afetasse, que falsos amores não me afetasse, que distantes e falsos parentes não me afetasse, que o vizinho que não sabe o que fala mais fala, não me afetasse. Porém afeta, e não há como fugir muito disso, a gente vive além disso claro, mas afeta da mesma forma. E não é que tudo afete, mas sim as coisas essenciais da vida, que não se compra, que não se vende, que não se paga, que não se negocia. Por tanto tempo nada afetou, que agora juntou, aglomerou, e tudo cai no colo de uma vez só. Essas coisas que eram para ser coisas espontâneas, sem custo. Mas que hoje não são mais. Hoje tudo é dinheiro, ou um rostinho bonito, e isso não consegue entrar na minha cabeça. Tudo se perdeu e está todo mundo a mercê ou se rendendo a essa perdição sem fim, sem propósito algum. Ninguém quer chegar a lugar nenhum. Poucos querem, quase nada. E alguns desistem, se entregam, "Ah já está tudo perdido mesmo, não tem jeito!". 

Até os vinte e alguma coisa gente jura para os nossos pais, que temos amigos de verdade, que aquele cara ou aquela mulher sabe aquele(a)? Ele(a) gosta da gente sim, e que o chefe é legal é nosso amigo nos entende, e que se amanhã ou depois acontecer alguma coisa com eles (nossos pais), os parentes estarão aqui. É, lendo assim parece bem normal, cabível, o correto. Mas não é bem assim, e um dia cada um no seu tempo, as pessoas irão entender um pouco disso. Que ter amigos é a coisa mais rara do mundo, que ás vezes só achamos que temos mesmo. Que o cara ou aquela mulher, nem gostava tanto da gente assim, passou. Ou que a gente nem gostava tanto dele(a) assim. Que o chefe? Ah esse, se amanhã ou depois aparecer outro funcionário melhor, não importa quão gente boa ele seja, ele vai te mandar embora sem dó. E que os parentes, é esses são os que talvez nos agüentem por mais tempo, porém com o passar dos anos, os anos e o mundo mudam e eles também. Nem todos os parentes são iguais, uns vão te carregar pro resto da vida, porém outros vão rezar pra te ver longe o quanto antes. 

Lógico, que para tudo isso que citei, existem exceções. E amém por isso! Amo as exceções! Mas por o mundo está tão perdido, que as exceções também estão, perdidas por aí. Quem consegue achar, agarre! Aproveite, porque todo mundo anda buscando suas exceções boas da vida. Ainda procuro a exceção da minha vida, em todos esses sentidos. Ainda procuro por algo que me faça pensar que valeu a pena. Seja um trabalho, um novo lugar para morar, uma experiência diferente de vida, uma pessoa para partilhar a vida, ou quiçá duas pessoas (risos). Pois até hoje de todas que conheci com nenhuma senti que estava a caminho, quiçá realizada. Não sei o que de fato virar primeiro e fará me sentir realizada realmente, e não importa a ordem, eu só quero sentir que estou a caminho. De algumas realizações não estou tão longe, se assim posso dizer. De outras só Deus saberá. 

Não queira ser alguém ruim, perverso, chato demais. Alguém que não durma com a consciência limpa, alguém que machuque demais, alguém que passe por cima de tudo e de todos, alguém que não pense em como o outro pode está. Não esqueçam das pessoas boas, preservem elas. Não durma sem resolver o que se pode resolver, sem falar o que se pode falar, não seja igual ao mundo, porque o mundo anda podre, quer se podre também? Pense nisso! 

É difícil ter que largar tudo, e entender que você é completamente diferente do que pensou ser durante toda a sua vida. Mas o primeiro passo, é aceitar quem você é de verdade, e viver você, e não uma suposta personagem, "forte". Porque na hora da morte, nada disso é importante. O que mais importa o que mais é questionado, e o que mais nos preocupa e nos faz pensar na vida, é "Eu fui feliz? Valeu a pena?", e é só isso. Ser forte já não adianta muita coisa. Então não tenhamos medo da morte não, só tenhamos medo de morrermos infelizes, tristes, insatisfeitos com o que é de essencial na vida. 

Marcella Rios

segunda-feira, 25 de março de 2013

Não Enche - Caetano Veloso


Me larga, não enche
Você não entende nada
E eu não vou te fazer entender...

Me encara, de frente. É que você nunca quis ver não vai querer, nem vai ver. Meu lado, meu jeito. O que eu herdei de minha gente, eu nunca posso perder. Me larga, não enche(...) Do salto, nem tente manter as coisas como estão. Porque não dá, não vai dá...
Quadrado! Demente! A melodia do meu samba põe você no lugar. Me larga, não enche. Me deixa cantar, me deixa cantar! (...) Minha energia é que mantém você suspenso no ar. Prá rua! se manda!
Sai do meu sangue, Sanguessuga que só sabe sugar. Pirata! Malandro! Me deixa gozar, me deixa gozar.......
(...)

To nessa vibe!!!!!! bjs

domingo, 28 de outubro de 2012

Ahhhhh!...


'O cara que pensa em você toda a hora
Que conta os segundos se você demora
Que está todo o tempo querendo te ver
Porque já não sabe ficar sem você


E no meio da noite te chama
Pra dizer que te ama. Esse cara sou eu!


O cara que pega você pelo braço
Esbarra em quem for que interrompa seus passos
Que está do seu lado pro que der e vier
O herói esperado por toda mulher

Por você ele encara o perigo
Seu melhor amigo. Esse cara sou eu!

O cara que ama você do seu jeito
Que depois do amor você se deita em seu peito
Te acaricia os cabelos, te fala de amor
Te fala outras coisas, te causa calor

De manhã você acorda feliz
Num sorriso que diz
Que esse cara sou eu. Esse cara sou eu!

Eu sou o cara certo pra você
Que te faz feliz e que te adora
Que enxuga seu pranto quando você chora
Esse cara sou eu. Esse cara sou eu!

O cara que sempre te espera sorrindo
Que abre a porta do carro quando você vem vindo
Te beija na boca, te abraça feliz
Apaixonado te olha e te diz
Que sentiu sua falta e reclama. Ele te ama. Esse cara sou eu!'

=') Sem palavras pra essa música... Sem mesmo!

Quando o amor vira amizade

Creio que todo casal ou não, em algum momento da relação ou do fato de estar "junto" de uma pessoa, já se perguntou: será que eu realmente amo esta pessoa ou estou com ela apenas porque já me acostumei?. Ou seja, a dúvida parece reincidir sobre dois sentimentos que aparentemente exigem posturas diferentes: amor e amizade.
Porém, creio que alguns conceitos necessitem de certa reflexão. Se podemos nos apaixonar por um amigo, supomos que amizade e amor podem ter íntima correlação. Se podemos nos tornar amigos de quem amamos, a afirmação continua valendo. Isto é, podemos acrescentar amor à amizade e amizade ao amor.

Mas por que, em muitos casos, quando uma pessoa se questiona sobre o fato do amor ter-se tornado amizade, fica a impressão de que algo se perdeu? Fica a sensação de que falta alguma coisa, de que foi subtraído da relação o mais importante? Será?
Claro que buscamos o despertar de sentimentos peculiares quando decidimos nos entregar a uma relação amorosa. Paixão, excitação e palpitação não combinam com as relações que vivemos entre amigos. Espera-se que no ‘grande encontro’ haja mais do que a paz que pode ser encontrada num ombro companheiro. Espera-se que haja desejo.

Muito bem. Isso é verdade. Mas qual é o prazo de validade da paixão? Qual é a função desse fogo que parece nos consumir e nos movimentar no auge de sua envolvência. Será possível viver nesta ardência por toda a vida? Será construtivo?
O que quero dizer, na verdade, é que a base de uma relação de amor, especialmente com o tempo, a dedicação e a construção de uma vida em comum, vai ganhando mais em amizade e permitindo que se apague, de forma saudável e necessária, o fogo da paixão. E é absolutamente preciso que seja assim, acredite!

A paixão é maravilhosa, deliciosa, imperdível e desejável, mas como fogueira vai se apagando em seu devido tempo. Fogo demais queima, machuca, dói, destrói. Fogo de menos faz falta, deixa frio, escuro, desconfortável. É preciso acertar o tom, aceitar o ritmo, embriagar-se de labaredas na medida certa... e depois, aprender a manter acesas somente as brasas. 
Mas as crenças e os romances nos enganam; deixam no ar a ilusão de que podemos estar constante e ininterruptamente apaixonados, ardendo, como se o amor se resumisse a isso. E assim, nos perdemos em desejos impossíveis. Acreditamos que falta algo nas relações duradouras. Simplesmente porque não aprendemos a apreciar a sutileza do amor. Ficamos presos e condenados à aflição que nos causa a paixão.

E o fato é que ela acaba. Ela sempre acaba. É assim, não tem jeito. Mas a gente não aceita. Busca outra e outra, nos remetendo a um vazio que nunca poderá ser preenchido senão com a delicadeza do amor. Precisamos nos deixar apaziguar, mais cedo ou mais tarde. Geralmente, mais tarde. Algumas vezes, bem mais tarde! Noutras, nunca, infelizmente.
Por isso, antes de pôr fim a uma relação que tem mais sutileza do que ardência, que lhe provoca mais paz do que desejo, pense bem. Não se deixe cair numa armadilha ardilosa e extremamente perigosa.

Não estou, de forma alguma, subestimando a importância da paixão. Ela é necessária e imperdível. Contém em si o impulso da provocação, a coragem para a entrega. Sem ela não há início, não há motivação para o nascimento do amor. A paixão rompe a terra para deixar nascer o amor, em forma de fruto.

Desejo assim, que todos nós tenhamos a oportunidade de nos envolver nas chamas da paixão. Se preciso for, até arder, doer e aprender. Para depois, enfim, valorizar a calmaria do amor. Afinal, a paixão queima e machuca enquanto que o amor aquece e acolhe... e que você descubra e usufrua do segredo contido na relação que torna-se mais parecida com amizade e menos com a angústia das paixões.

Rosana Braga (Adaptado por mim)

terça-feira, 31 de julho de 2012

Essa sou eu hoje...


Acabo de chegar em casa e ver tudo diferente. Ainda estou fechando os olhos e tentando encontrar a parte mais quente das suas costas. Ainda estou com esse riso bobo na cara, matando a saudade de ter quinze anos e uma vida linda pela frente. 
Pode ser mesmo que isso passe, pode ser que amanhã eu acorde e você tenha ido embora. Ainda assim, ainda que amanhã chegue para estragar tudo, poder chegar em casa e ver tudo diferente já são milhões de quilômetros rodados. Zilhões. 
Você não sabe, nem sonha, mas você acaba de zerar minha vida. Minha vida era acordar todos os dias e sentir aquele gosto de merda na boca. Minha vida era vestir a armadura e relembrar com dor pela milésima vez todos os últimos podres de todas as pessoas podres que passaram ultimamente pela minha vida. Você acaba de zerar tudo. Com a parte mais quente das suas costas, com o seu medo de beijo na orelha e com o seu jeito de se desculpar por falar demais e balançar os pés, você acaba de me salvar.

Esse texto é pra te falar uma coisa boba. É pra te pedir que não tenha medo de mim. Sabe esses textos que eu publico aqui, falando putaria? Sabe esses textos falando que eu sei disso e sei daquilo? Eu não sei de nada. Eu só queria ser salva das pedras, eu só queria aprender a pegar carona nas ondas. Eu só queria que isso que eu to sentindo agora durasse mais de uma semana. Eu só queria poder chegar em casa e ver tudo diferente. Ver tudo bonito. Ver tudo como de fato é. E você salvou minha vida. O mundo está lindo. Não tenha medo de mim. Eu só queria que essa minha vontade de perdoar o mundo durasse. Hoje eu não odiei o Bradesco, a Vivo, meus pais, o IPTU, a mulher que divide a vaga do prédio comigo, o motoqueiro que me manda ir mais para o lado, a garota que fala caipira, aquele cara que você sabe quem é. Hoje eu não odiei nada nem ninguém. Eu apenas fiquei lembrando a cada segundo que você se desesperou pra encontrar meu brinco de coração. Você quis encontrar meu coração pequenininho no escuro. E você encontrou. 
E você salvou meu dia, minha semana. E salvar meu dia já são zilhões de quilômetros. Você é meu herói. 
Não tenha medo desse texto. Não tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero te fazer. E de eu ser assim e falar tudo na lata. E de eu não fazer charme quando simplesmente não tem como fazer. E de eu te beijar como se a gente tivesse acabado de descobrir o beijo. E de eu ter ido dormir com dor na alma o final de semana inteiro por não saber o quanto posso te tocar. Não tenha medo de eu ser assim tão agora. E desse meu agora ser do tamanho do mundo. 
Eu estou tão cansada de assustar as pessoas. E de ser o máximo por tão pouco tempo. E de entregar tanta alma de bandeja pra tanta gente que não quer ou não sabe querer. Mas hoje eu não odeio nenhuma dessas pessoas. E hoje eu não me odeio. Hoje eu só fecho os olhos e lembro de você me pedindo sem graça para eu não deixar ninguém ocupar o lugar da minha canga. Tudo o que eu mais queria, por trás de todos esses meus textos tão modernos, sarcásticos e malandros, era de alguém que me pedisse para guardar o lugar. Ta guardado. O da canga e de todo o resto. 
Talvez você pense que não merece esse texto. Há quanto tempo mesmo você me conhece? Algumas horas? Mas você merece sim. Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e não me olhei no espelho. Eu não precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza.
Não tenha medo. Eu sou só uma menina boba com medo da vida. Mas hoje eu não tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de você me dando aquela flor velha, fazendo piada ruim as sete da manhã, me lendo no escuro mesmo com dor de cabeça. 

Eu posso sentir isso de novo. Que bom. Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e até com o ovomaltine do Bob´s. As pazes com os casais que se balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não sabem ver o que eu vejo. E eu só vejo você me ensinando a dar estrela. Eu só vejo você enchendo minha vida de estrelas. Se você puder, não tenha medo. Eu sou só uma menina que voltou a ver estrelas. E que repete, sem medo e sem fim, a palavra estrela no mesmo parágrafo. Estrela, estrela, estrela. Zilhões de vezes.

Tati Bernardi

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Enfim, nós. E a Claudinha


Foram quatro horas e cinqüenta minutos ao meu lado. E ele vai embora feliz da vida achando que conheceu alguém legal. Foram menos de cinco horas e me dá certa pena pensar nos próximos dias, meses. Talvez anos, se ele for algum tipo de corajoso, algum tipo de masoquista. 
Eu consegui, por hoje deu tudo certo. Fui inteligente e carinhosa durante o cinema. Depois fui engraçada e um pouco mais carinhosa durante o jantar. Na minha casa eu segui conseguindo, conseguindo ser alguém com quem se quer passar um feriado em Buenos Aires. 
Mas tenho certa pena do dia de hoje, tenho certa pena de como esse dia corretinho, linear e brilhante pode ser corroído pelas chuvas, calores e sujeiras. E acabar como algo disforme, fosco e fraco. 
Eu queria que você soubesse, meu amor, que sou dessas loucas. Dessas loucas que vai te chamar de meu amor, mesmo você estando na minha vida há apenas uma semana. Dessas loucas que vai querer te matar só de pensar que, talvez, daqui cinco anos, você me troque pela Claudinha, uma menina mais nova e sem as minhas manias insuportáveis que você ainda não conhece. 
E aí, mesmo eu te conhecendo há apenas uma semana, vou te odiar pelo que vou sofrer daqui a cinco anos. E vou te odiar, sobretudo, porque daqui uma semana, quando você se apaixonar pelas minhas manias insuportáveis, eu vou acreditar que você nunca vai enjoar delas. 
Eu sou dessas malas sem alça que vai ter ciúme dos seus amigos, dessas pessoas maravilhosas que te conhecem há muito mais tempo que eu. Essas pessoas maravilhosas que serão as primeiras a saber, daqui cinco anos, que você está comendo a vaca da Claudinha. Aliás, eles que vão te apresentar a vaca da Claudinha. 
Só de pensar nessa puta da Claudinha, sabe o que eu fiz assim que você saiu da minha casa ontem? Eu liguei para o Pedro. Depois para o Ricardo. Depois para o Fábio. E deixei todos de sobreaviso: ando super carinhosa, gatos. 
No fundo, no fundo, não tenho a menor vontade de ser carinhosa com nenhum deles. Mas sou dessas idiotas covardes que quando percebem que estão gostando de alguém, resolvem gostar de vários. Só para banalizar o sentimento. Só para descentralizar a renda. Olha eu, fazendo piadinha meio de esquerda… olha eu, escrevendo meio parecido com você e dando nomes para personagens. Eu sei que gosto de alguém quando esqueço de não gostar tanto de mim. E eu gosto de você, mesmo sabendo que você gosta de mim por pouco tempo. 
Ai amor, amorzinho, amoreco, moreco. Eu odeio esses carinhos, odeio. Mas falo todos eles baixinho antes de dormir, para o espaço ao lado da cama que ninguém ocupa. E eu sou um pouco mais estranha do que ser estranha permite. Sou estranha além do charme de ser estranha. Eu sou daquele tipo bizarro, que eu nem sei direito se existe, que vai te acordar, daqui a algumas semanas, chorando como se tivesse te perdido para sempre, ainda que você nem saiba direito se fez bem ou não em dormir, logo assim de cara, na minha casa. 
Eu sou sempre cinco anos na frente, eu já começo sofrendo com o fim, eu já tiro a roupa com o gosto meio vazio de resgatar as peças pelos cantos depois. Eu vivo o luto de tudo, antes mesmo de comprar uma roupa colorida pra curtir que você foi embora ontem, lá de casa, querendo voltar. Eu sei que você quer voltar. E eu sei que serei muito feliz por cinco anos, até a puta da Claudinha aparecer. Aquela vaca. 
Pensa bem, meu amor, pensa bem. Eu sou daquele tipinho baixo de mulher. Daquele tipinho que rouba o seu celular enquanto você faz seu xixi feliz da vida, achando que conheceu alguém legal. Eu sou daquele tipinho raso, que vai xeretar seu orkut, tentando descobrir o que sua ex tinha que te fez demorar tanto para aparecer na minha vida. E vou odiar toda a sua história, e vou odiar que seus amigos sejam amigos da sua ex, e vou odiar que seus amigos vão adorar contar suas histórias do passado. E vou ficar quietinha, perdida, no canto da mesa. Querendo ligar pro Ricardo, pro Fábio e pro Pedro.
Não que eles sejam melhores do que você, porque não são. Mas eu preciso fugir de você ser tão legal. Porque você é definitivamente muito legal, tão legal que não vai agüentar e me largar daqui cinco anos. Inebriado pela mente menos complexa, pelo peito menos angustiado e pela bunda mais dura. Da Claudinha, claro. Sempre ela. 
Ainda dá tempo. Ainda dá tempo de você se libertar do meu cheiro de manga, que você gosta tanto. Ainda dá tempo de se libertar da minha neura de contar as coisas e de não encontrar razão para haver um pão pullman na fruteira. Agora tem graça, mas imagina esse mesmo cheiro de manga e essa mesma conta que soma o mundo sem nunca subtrair nenhuma tristeza daqui cinco anos? Cai fora, irmão. Cai fora. 
Não demora muito para eu começar a competir com você. E querer ser melhor que você. E querer isso justamente para que você nunca deixe de me admirar. Mas eu, mais uma vez, sem ter medida de nada, vou te sufocar com meu saquinho furado. Meu saquinho onde todo e qualquer amor ainda é pouco. Porque meu vazio é imenso. 
Já imaginou só? Já imaginou quando algum amigo seu apontar e falar: quem é aquela louca ali, berrando no meio da festa e pegando um táxi? E você vai ter de voltar sem graça, e explicar: ela se irritou porque eu peguei a última água com gás sem perguntar se ela queria. 
É isso o que você quer para a sua vida? É isso? Uma mulher que bebe refrigerante quente em pleno verão do Nordeste receosa pela procedência do gelo? Uma mulher que tem mais medo de vomitar do que de paraglider? Uma namoradinha meiga que a qualquer momento pode soltar 345 palavrões no seu ouvido só porque você tem mais coisa pra fazer da vida do que me idolatrar? 
Combinado, então? Você vai ler agora esse texto, ficar meio tristinho, afinal de contas não é todo dia que se perde uma mulher como eu, mas vai ser forte e terminar tudo. Terminar tudo e ir logo de uma vez conhecer a puta da Claudinha. Essa vaca. 
E aí, daqui uns cinco anos, quando você descobrir que mulher é tudo a mesma coisa, quando você estiver enjoado das manias insuportáveis da Claudinha, quem sabe algum amigo seu não me apresente a você. E quem sabe a gente não é feliz pra sempre?

O mau elemento


Eu olho pra sua tatuagem e pro tamanho do seu braço e pros calos da sua mão e acho que vai dar tudo certo. Me encho de esperança e nada. Vem você e me trata tão bem. Estraga tudo.

Mania de ser bom moço, coisa chata. Eu nunca mais quero ouvir que você só tem olhos pra mim, ok? E nem o quanto você é bom filho. Muito menos o quanto você ama crianças. E trate de parar com essa mania horrível de largar seus amigos quando eu ligo. Colabora, pô. Tá tão fácil me ganhar, basta fazer tudo pra me perder. E lá vem ele dizer que meu cabelo sujo tem cheiro bom. E que já que eu não liguei e não atendi, ele foi dormir. E que segurar minha mão já basta. E que ele quer conhecer minha mãe. E que viajar sem mim é um final de semana nulo. E que tudo bem se eu só quiser ficar lendo e não abrir a boca.

Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode. E aí passa a maior gostosa na rua e ele lá, idolatrando meu nariz. E aí o celular dele toca e ele, putz, perdeu a ligação porque demorou trinta mil horas pra desvencilhar os dedos do meu cabelo. Com tanto potencial pra me dar uns tapas, o moço adora me fazer carinho com a ponta dos dedos. Não dá, assim não dá. Deveria ter cadeia pra esse tipo de elemento daninho. Pior é que vicia. Não é que acordei me achando hoje? Agora neguinho me trata mal e eu não deixo. Agora neguinho quer me judiar e eu mando pastar. Dei de achar que mereço ser amada. Veja se pode. Depois de anos servindo de "capacho", feliz da vida, e aí chega um desavisado com a coxa mais incrível do país e muda tudo. Até assoviando eu tô agora. Que desgraça.Ontem quase, quase, quase ele me tratou mal. Foi por muito pouco. Eu senti que a coisa tava vindo. Cruzei os dedos. Cheguei a implorar ao acaso. Vai, meu filho. Só um pouquinho. Me xinga, vai. Me dá uma apertada mais forte no braço. Fala de outra mulher. Atende algum amigo retardado bem na hora que eu tava falando dos meus medos. Manda eu calar a boca. Sei lá. Faz alguma coisa homem! E era piada. Era piadinha. Ele fez que tava bravo. E acabou. Já veio com o papo chato de que me ama e voltou ao normal. Eita homem pra me beijar. Gosto tanto. Minha mãe deveria me prender em casa, me proteger, sei lá. Onde já se viu andar com um homem desses? O homem me busca todas as vezes, me espera na porta, abre a porta do carro. Isso quando não me suspende no ar e fala 456 elogios em menos de cinco segundos. Pra piorar, ele ainda tem o pior dos defeitos da humanidade: ele esqueceu a ex namorada. Depois de anos me relacionando só com homens obcecados por amores antigos, agora me aparece um obcecado por mim que nem lembra direito o nome da ex. Fala se tão de sacanagem comigo ou não? Como é que eu vou sofrer numa situação dessas? Como? Me diz? Durmo que é uma maravilha. A pele está incrível. A fome voltou. A vida tá de uma maravilha ímpar. Alguém pode, por favor, me ajudar? Existe terapia pra tentar ser infeliz? Outro dia até me belisquei pra sofrer um pouquinho. Mas ele correu pra assoprar e dar beijinho.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Na tua


Calma. Espera. Deixa eu organizar o que quero dizer. Assim. Aquele domingo, lembra? Fui na tua casa e resolvi ouvir as musicas que estavam no computador. Talvez através da sua seleção de músicas eu soubesse melhor quem você é. Sei que eu comentei algo idiota sobre uma suposta vontade de me enforcar após ouvir sua listagem e você, meio brabo, grosso e arredio, disse “se você está com vontade de comer uma torta de morangos deve procurar uma confeitaria, e não um açougue” e blá-blá-blá. Tudo bem, não está mais lá quem falou.

Só que eu estou aqui. Querendo saber mais coisas remotamente pessoais sobre você sem que uma expressão de pavor cruze seu rosto. Então, com quantos anos você perdeu a virgindade? Já foi a algum show do Whitesnake? Você teve sarampo quando criança? Você foi criança um dia, não foi? Porque seus pais se separaram? Você me quer apenas como sua garota de final de semana? Eu quero mais.  


Aquele seu jeito seco e ao mesmo tempo delicado de esfregar a suas razões na minha cara. Odeio quando você está certo, coisa que acontece quase o tempo todoAlém do mais não é justo. 


Mas é que, sei lá. Isso tudo, todo esse medo do nada-acontecer ou do tudo-acontecer-rápido-demais tem me deixado cansada. Nada de mais. Você sabe montes de coisas sobre mim, muito porque sou tagarela, coleciono tiques nervosos e acho que está sempre faltando um algo mais – por que se contentar com o ótimo, se pode ficar perfeito? Vocês homens têm disso? Tipo, quando jogam videogame, desmontam motores ou fazem fogo, vocês trocam ideias, buscam saber o que o amiguinho acha a respeito disso e daquilo? Tudo bem, eu sei que não. Pode ficar aí, na tua, quieto, não se faz necessário reunir forças para mover lábios e cordas vocais para responder qualquer coisa que seja. Não quero incomodar, mas, vai, solta pelo menos um muxoxo ou me manda calar essa maldita boca.


Passear pela calçada contigo tem a mesma sensação de ir a um bom restaurante concorrido. Na sua testa está escrito RESERVADO, e eu espero de verdade que o lugar seja meu. Sabe, eu tenho adorado sentar à sua mesa e experimentar sua comida bonita, colorida, aromática, sedutora e cheia de sabor. Nunca me importei muito com a receita, os ingredientes e a forma de preparo. De todos os locais onde jantei, todas as vezes evitei descobrir ratos e baratas e outras guarnições escrotas nos bastidores daqueles idiotas. Eu não queria me decepcionar. Mas contigo é diferente. Eu preciso saber. Como vou saber se estou pisando em ovos se você não me convida para conhecer sua cozinha?



Me diz alguma coisa, vai. Me fala tudo aquilo que eu ando louca pra ouvir da sua boca. Sussurra, então. Ou me ensina a receptar telepatia, essa língua que só os inteligentes e evoluídos e incógnitos e brancas-nuvens conseguem decifrar. Porque eu já estourei minha cota de intuição. Diz que me adora, que gosta de mim, que sente saudades minhas e uma vontade insana de me ver em plena quarta-feira. Sei que não muda nada, mas eu preciso ouvir. Ou isso, ou eu pego minha bicicleta e dou o fora daqui. Agora. Sabe, não está dando muito certo, às vezes eu me sinto meio o Dick Vigarista gritando para o Mutley fazer alguma coisa. E você só olha meu desespero patético e fica rindo. E então? Como vai ser?



Desisto. Eu acho, às vezes, que seria mais produtivo perseguir pombos em praça pública. Bem, eu só queria dizer que, apesar desse seu jeito todo iceberg de ser, eu te acho um rapaz incrível. Você é o melhor ser humano entre os piores que já conheci. Ou o pior entre os melhores. Não sei. Sei que eu inexplicavelmente estou na tua e você sabe disso. Não dá bola, assim que meu ataque trevoso de angústia cessar, eu sei, não vou me importar nem um pouco se você ficar na tua, se você não ligar de me aturar falando pelos cotovelos, deitada do teu lado.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Aquele maldito silêncio


Por que casais em crise não conversam enquanto comem?



Sempre que eu vejo a cena ela me constrange: o casal come em total silêncio no restaurante, praticamente sem olhar um para o outro. Tendo passado por algumas crises de relacionamento, eu imagino que aquelas duas pessoas não têm mais nada a dividir além da conta. Elas simplesmente sentam lá, uma diante da outra, e se alimentam como se estivessem sozinhas. O que de fato estão.
Há pessoas, sobretudo mulheres, que acreditam na comunicação sem palavras. Em certos momentos mágicos, elas dizem, as pessoas apaixonadas são capazes de caminhar lado a lado, ou simplesmente estar uma com a outra, por longos períodos, sem abrir a boca. Estariam conectadas por um sentimento tão intenso que tornaria toda palavra desnecessária.
Imagino que esses momentos especiais realmente existam (fora daqueles densos minutos de silêncio depois do sexo, quando só fala quem está com urgência incontrolável de pedir um táxi para ir embora...), mas eu estou 100% seguro de que eles não acontecem ao redor da comida.

Por alguma razão ancestral, o ato de comer invoca uma felicidade gregária e primitiva, que precisa ser compartilhada por palavras – exceto quando as pessoas envolvidas já dividem uma porção invisível de tristeza, ressentimento ou profunda indiferença. Nestes casos, o silêncio se impõe de forma incontornável. Aos grupos, às famílias e, sobretudo, aos casais.

É por isso que eu, quando saio para comer, gosto de ouvir o som da voz humana vindo do outro lado da mesa. Uma mulher falando de maneira entusiasmada reafirma, para mim, várias coisas positivas ao mesmo tempo: que ela está bem, que ela continua conectada comigo e que ela e eu, juntos, ainda somos capazes de conjurar um momento de cumplicidade. É como constatar que o prato da relação não está vazio.

A comida é tão importante na vida emocional que, mesmo sem ser um grande comilão, eu posso me lembrar de vários momentos decisivos presenciados por garçons – ou transcorridos na cozinha de alguma casa.

Há brigas antigas que, anos depois, ainda me envergonham. Há a memória luminosa de diálogos carregados de sensualidade e expectativa. Há o som de uma risada que me fez querer beijar instantaneamente. Há a lembrança dos olhares e a sensação furtiva de corpos se tocando sob a mesa. Há, claro, os malditos silêncios, inúmeros, dos tantos encontros que deram errado ou das relações que esfriaram sem palavras sobre a mesa.

Quando coloco essas coisas juntas, elas parecem sugerir que comer na companhia de alguém constitui um teste de afinidade, um termômetro.

Um casal antigo que conversa com interesse na hora do jantar, mesmo diante da TV ligada, ainda deve estar na mesma sintonia. Um casal recente que divide feliz a feijoada de sábado provavelmente teve uma noite digna de ser lembrada. Um casal que sai pela primeira vez e consegue embarcar numa conversa apaixonada diante da sopa fumegante está na direção correta. Aqueles que cozinham juntos, rindo e bebendo, talvez sejam os mais felizes - provavelmente terão, depois da mesa, uma cama ainda mais gostosa.

Só não me peçam, por favor, para apreciar a magia do silêncio durante a comida. Essa percepção está reservada às mulheres profundamente intuitivas e seus parceiros sem palavras. Da minha parte, prefiro comer ouvindo uma mulher ansiosa me contando o seu dia repleto de detalhes cintilantes. Pode não ser a coisa mais misteriosa do planeta, mas é real. De alguma forma subjetiva me alimenta e me faz feliz – como um bom prato de comida, que esquenta o estômago e aquece o coração.  

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Enjoo fácil


Eu enjôo tão fácil das coisas e das pessoas. Das brincadeiras, das atitudes, dos olhares, das indiretas, dos assuntos. Principalmente, se já pisou na bola comigo alguma vez.

Não tenho paciência!! E tem coisas que me irritam, umas mais e outras menos, e quando acontece de eu me irritar várias vezes seguidas eu me afasto, eu enjôo.

Enjôoooooooo, me torra, me da preguiça, aí vou sumindo, sumindo, desapareço da terra e viro 1 telefonema a cada 3 meses.

Na amizade então...
Amizade pra mim é uma coisa gostosa, ligo não por obrigação mas por que gosto de falar, sempre escuto os problemas, mas gosto de ouvir conquistas, ninguém sofre 24 horas por dia, sim, eu escuto, mas me deixa falar também, eu também quero atenção, não só dar. Amizade é troca de carinho, não de favores.
Tenho poucas amigas que amo e serão pra sempre, não as vejo todos os dias, mas quando a gente se fala é festa, é felicidade, quando uma delas está mal eu dou meu ombro por que sei que fariam o mesmo por mim. E isso é natural, sem cobranças.
Li essa frase nesse mesmo texto que dizia assim:

“E se você me enjoar não to nem aí pra você, mesmo por que é melhor eu sumir do que vomitar na sua cara. Certo?”

E de primeira me pareceu grosseiro, estúpido, mas enfim... Quem tem a impactante sensação de sentir esse tipo de enjôo, consegue entender essa frase perfeitamente.

Acho que isso se deve muito ao fato d’eu ser extremamente eclética em quase tudo na minha vida. Gostar de tudo um pouco, ir a todos os tipos de ambientes e lugares; fazer a clássica hoje, e amanhã do nada a rústica. É uma troca de personagens. Que não enganam a ninguém, muito pelo contrário sempre todos bem sinceros. Eu gosto de diferenciar, de conhecer, de mudar os rumos ás vezes, nem que seja de pouquinho em pouquinho. Eu tenho a necessidade dessas mudanças, é por isso que vivo enjoando das pessoas, infelizmente é uma sensação que corrói quem sente, mas não tem jeito, a gente enjoa e quando nos afastamos é porque é melhor pra “boa  conduta” de ambos.

Lógico, tem sempre aquelas pessoas que estão com você até hoje, há tempos. Mas pode ter a certeza eu já enjoei em algum momento, mas foi rápido, passou. Estas são raras, mas existem.  

Nos relacionamentos uma única vez eu não consegui enjoar, e claro pra nunca mais. Desde então não consigo conviver com a mesma pessoa por muito tempo. Isso é normal? Será? Ás vezes eu enjôo depois de algum tempo de convivência, ás vezes nem tanto tempo assim, mas eu já estou enjoando, é como se eu precisasse “trocar” de pessoas ao meu redor o tempo todo!

E só eu sei a luta que é, pra continuar a sustentar sentimentos quando algo esfria pra mim.