sábado, 28 de janeiro de 2012

De olhos abertos, por favor!

São outros tempos, tão diferentes para tantas pessoas. Cada um segue o seu, e nisso nós vamos aprendendo a respeitar o de cada um. Vamos tentando administrar as horas para não se enforcar de agonia, não explodir em plena impotência de sossego psicológico. Vamos percebendo nós mesmos, nossos defeitos, nossas virtudes, sem precisar de espelho. Errando sem ajuda, e se levantando muitas vezes sem auxílio também. 

Um vínculo; um pacto; um juramento de saber que nós somos o quanto desejamos ser. E se ainda não somos, seremos. Se ainda não estamos no caminho, estamos á procura dele. E isso já conta. Nunca saberemos o fim de cada estrada, o resultado de cada caminho, se faz bem, se faz mal, precisamos definitivamente nos jogar, porém de olhos abertos. É como num salto livre de pára-quedas, de que adianta se entregar a uma viagem com uma vista privilegiada, de olhos fechados? Sem olhar ao redor? Sem olhar por onde você está passando. Com medo de sentir medo, com medo de ver e não acreditar. Deixando de ver tantas outras belezas que só se vê lá do alto; vistas, paisagens e sensações raras. Por que é só disso que irá se lembrar depois.

Há aqueles que preferem curtir com os olhos fechados, a vida. Que insistem em tapar o sol com a peneira o tempo inteiro. Todos os especialistas já disseram, “Você ta precisando de óculos, e não são os escuros. Aqueles de grau, sabe?”, mas ninguém convence estas pessoas, do quanto é bom enxergar a vida. Tudo ás claras.
Quando nasceram não deram “a luz“, se esconderam na sombra. Parecem que não choraram quando vieram ao mundo, permaneceram quietinhas. Sem um pio. Escondem-se tanto, que acabam escondendo sua personalidade, sua voz, seus temores, com isso suas qualidades ficam ocultas e acabam sendo o próprio defeito em pessoa. Ninguém sabe o que elas têm para oferecer, o que de bom podem fazer. Acabam sendo vistas como pessoas ruins, sem ao menos se mostrarem. 
E no fim, não há nada pior do que saber que você não conseguiu mostrar o quanto bom poderia ser, por pura síndrome do "esconde-esconde". Que era pra ter ficado lá na infância, lá nas lembranças do passado. Mas não, você trouxe com você. E trouxe a coisa errada, dentre tantas coisas boas que se pode ressuscitar da infância e exercitar na vida adulta, você trouxe algo que pode te trair no caminho. E que infelizmente ou felizmente, não ajuda na formação de um ser humano legal. 

E o pior é que estas pessoas acham que são “misteriosas”. Mal sabem o mal que fazem a si mesmo. Acham que ser uma pessoa misteriosa está ligado a esconder-se atrás da escuridão de um óculos, ou de mãos indecisas, faixas coloridas para tapar o preto e branco dos olhos; ou de travesseiros encharcados de lagrimas que nunca são soltas, ou faladas, se quer cogitadas numa conversa qualquer. Tudo oculto. Sentimentos, voz, decisões, personalidade, amor-próprio, olhos, e pior alma e mente. E uma alma e mente oculta pode-se tornar a mais colorida das pessoas, em um zumbi. Mas morto do que vivo. 

Atos falhos


Acho que te devo um pedido de desculpas. É que nem eu mesmo gosto muito de mim, e fico meio assustada quando alguém me diz que consegue isso. É que você parecia meu amigo, só meu amigo. Você fala como um amigo. Me cumprimenta como amigo. Me telefona e me convida para cinemas como um amigo. Seu riso é de amigo. O seu abraço é de amigo. Mas eu devia ter desconfiado, seus cabelos sempre tiveram cheiro de namorado. Existe algo errado numa amizade quando o resto do mundo parece chato e nós os únicos legais.

Mas, conhecer você e ser sua parceira de pipoca foi bom. Bom como ler uma letra bonita sem poder escutar a incrível música por trás dela. Como planejar um final de semana na praia e ter dois pneus furados no meio da estrada. Descobrir uma ruazinha bonita no seu bairro e ser estuprada nela. Você é a chuva no meu piquenique. Você é o show do Weezer que não consigo ver porque sou muito baixa. Você é a deliciosa torta de chocolate e limão que para comer eu preciso estar presente no aniversário de 70 anos da minha tia Rosalina. Sou Jennifer Aniston tentando converter um gay em "A Razão do Meu Afeto". Você é a pipa enrolada nos fios de alta-tensão. Você é meu peixe novo que morreu na primeira semana. Você é a irmã gêmea malvada que eu descobri a existência. Você é o game "The Beatles: Rock Band" para XBox que custa quase dois mil dinheiros. Você é como uma baleia em extinção querendo viver na minha piscina de mil litros. É como se eu finalmente aprendesse a voar e você fosse a Kriptonita. Eu sou o país independente que você não deixa em paz. Você é o braço que eu quebrei tentando catar as goiabas do vô Agenor. Você é o Barcelona vs Real Madrid que não passa na minha tevê. Sou Midas louca pra te beijar a boca sabendo que tudo que ponho a mão vira ouro. É como abrir minha lata de refrigerante e descobrir um camondongo morto boiando dentro. É como criar coragem pra subir no palco cantar "Love Will Tear Us Apart" e lá de cima enxergar você no guichê, pagando pra ir embora.

Sei que andei falando coisas sem pensar. Me esforcei pra deixar quieto, ficar de boca calada, não fazer merda. Quase deu certo. Você sabe, sou meia blá. Olha, sei que andei falhando todas essas vezes, nos últimos meses. Em minha defesa, não era bem eu. Só estava tentando ser uma outra coisa, sei lá, algo que pudesse merecer você. Como eu poderia adivinhar que alguém como você gostaria de mim, assim desse jeito atrapalhada que eu sou? Vamos ser sinceros, pra conquistar você tinha de ser de rali. Contando só a arrancada eu não teria a menor chance.

Um dia, eu sei, você vai entender os meus motivos. E talvez eu os entenda também. Você estava meio etílico, mas sei que foi honesto, pelo menos na hora em que disse aqueles troços. Não sei o nome disso que estamos sentindo um pelo outro e também não me importa. Pode ser o ápice ou o precipício, e tudo bem. E também não sei se teremos habilidade para cultivar isso por três semanas ou por três décadas inteiras. Só sei que agora estou interessado em saber como será o próximo passo.

Amor sem fim


Olá, João. Ou João Gabriel. Ou Santiago, não sabemos ainda, eu e sua mãe não conseguimos nos decidir. Sei que eu queria brasileirar Lenon ou Dilan, mas sua mãe anda redutiva quanto a isso, diz querer protegê-lo. Mas do quê, a gente pode saber? Talvez de fazer sucesso com as menininhas do Jardim de Infância com um nome lendário desses. Mas não se chateie, ok? Nós vamos encontrar uma solução.

Bem, eu não sei como começar isso, é estranho falar com uma barriga gorda, a última vez que fiz isso foi aos sete anos quando o tio Lino me jurou ter comido o Caco, um hamster branquinho que eu tinha. Mas isso é uma longa história. Você quer um hamster também? O pai compra.

Pai. Que troço esquisito pra quem ainda come sucrilhos pela manhã. Mas agora está tudo bem. Nós não planejamos você, mas o inesperado aconteceu. Primeiro eu tive algumas crises peterpânicas, sumi por um tempo, cheguei a sugerir que você fosse interrompido. Aí veio o ultrassom, aquela canção do Cat Stevens num comercial sobre o verão, os livros do “Diário de Um Banana” na livraria perto daqui. Então eu decidi que precisava de você, talvez mais que você de mim.

Acho que você pode me ensinar muitas coisas. Não coisas como lidar com peitos, isso eu já aprendi aos 23. Há montes de outras coisas que eu preciso saber, como ser menos egoísta, menos farisaísta, menos inconsequente. Ou como dar nó em gravatas, seu avô já tentou trezentas vezes, mas acho que ele não sabe direito o que está fazendo. Bem, acho que já deu pra sentir que ainda estou confuso quanto ao meu papel nessa peça que a vida me pregou. As coisas vão mudar, eu sei, mas acho que vou me sair bem.

Dizem que, agora sim, vou conhecer o verdadeiro amor. E, confesso, estou curioso e trêmulo. Talvez eu desmaie no seu parto, tudo bem pra você? Mas é só questão de idade, pulando essa parte a gente pode sair do hospital, conhecer o mundo e passear por aí.

Comecei uma poupança pra você. Já tem trinta reais. Sei que não é muita coisa, mas já dá um McLanche Feliz. O que você acha? Depois, mais tarde, talvez uns vinte anos, podemos beber algumas cervejas e falar sobre garotas ou sobre o que está errado na escalação do nosso time do coração. O que você quer agora? Batatas fritas? Uma garupa até a praça do avião? Uma guitarra? Uma estrela do mar?

Bem, como você pode ver, o clima é de ansiedade, alegrias e de uns tapinhas nas costas. Tenho recebido muitos abraços, parabéns e recomendações para criar juízo. Não sei que porra as pessoas estão pensando quando me mandam criar juízo. E também não entendo os parabéns, foi fácil e gostoso fazer você, mas isso é papo pra daqui uns quinze anos. Quem sabe, se der tempo, você conheça seu bisavô. Ele está com Alzheimer. Às vezes ele joga o prato inteiro de comida na parede e os adultos acham um pouco triste, mas acho que você vai até achar engraçado.

Aliás, estou louco pra escutar seu riso. E também já fiz planos de cantar “Hey Jude” quando você começar a espernear no berço que ganhamos dos seus avós de Pelotas. Não será perfeito o tempo todo. Haverá dias que você vai berrar sem parar e eu vou implorar pra você começar a falar agora mesmo, e diga afinal o que é que você quer. Mas tudo bem, a gente faz as pazes e algumas fuzarcas. E depois você pode adormecer no meu peito assistindo “Três é Demais” no sofá, até a mamãe chegar.

Ah, sobre a mamãe. Bem, acontece que não estamos mais juntos. Não sei explicar, essas coisas são meio complicadas, temo que se eu começar a explanar como funciona os relacionamentos você relute sair daí e depois precisaremos gastar todo dinheiro da sua faculdade numa cesariana desnecessária. Vai ser um pouco estranho, mas hoje em dia é comum os pais morarem em apartamentos separados, por mais idiota que isso possa parecer. O lado bom é que você terá dois quartos.

É, nós adultos somos muito idiotas mesmo, na maioria das vezes a gente não sabe direito o que está fazendo. Mas não se preocupe, ainda somos amigos, a gente se dá legal e estaremos sempre por perto. Sem brigar, a gente jura. Sei que estamos sempre jurando coisas, mas vamos trabalhar duro. Por você.

Certo? Se está bom pra você, dá um chute. Se não, dois. E pode apostar, vamos amar você infinitamente mais e melhor do que a gente já se amou um dia. Como assim, quanto é infinito? Infinito é infinito. É tudo. É pra sempre. É sem fim. É uma coisa que não dá contar nos dedos. Nem na calculadora? Não, nem na calculadora, filho.

Meu tipo de garota


Eu não tenho carro e sei que isso soa conspiratório contra minha masculinidade, mas normalmente me saio bem. Moro na área central e os primeiros encontros costumam acontecer na área central. Primeiros encontros não envolvem montanhas, vinhos e fogueiras, apenas cinemas, parques, cafeterias, museus, bares noturnos e pistas de boliche, de modo que para as investigações iniciais, o centro é uma zona perfeitamente funcional.

Não ter carro há partes ruins, há partes boas. Partes boas: sem trocas de pneu, você pode circular pela rua gratuitamente, sem acidentes de trânsito, ainda não há flanelinhas dando palpite na sua maneira de sentar em algum banco público da praça. Partes ruins: diversas, especialmente quando o tipo de garota que você escolheu pra sair não combina com ciclovias. Não sou de convenções ou machismos, mas eu posso explicar, eu acho: alguém precisa ser largado em casa, certo?

E quando é o rapaz quem paga impostos rodoviários, todos sabem como acontece - ele pisa no freio, desliga o carro e espera. 1) Se ela estiver a fim, vai convidá-lo pra um café. Se ele também estiver (vai estar, eu sei que vai), já estará no portão. 2) Se ela não estiver no clima, dirá que convidaria pra um café, mas a tia Emília está dormindo no sofá porque veio de Arroio Grande fazer uns exames e montes de outros pretextos (mas todos sabemos que o motivo real é que você confessou ligar pra sua mãe todos os dias). Bem, já está tudo ensaiado. É assim que deve ser. Não há danos maiores.

Nos atrapalhamos, nos meus casos pelo menos, quando é ela quem desliga os farois. Ela quer subir, você também quer (você sempre quer, eu sei). Mas garotas não dizem "posso subir e tomar um café?" ou "posso usar seu banheiro?" Garotas não bebem café à noite, a não ser garotas-escritoras com prazo vencido; garotas não usam banheiros dos seus futuros maridos no primeiro encontro pois admitem a hipótese do vaso sanitário entupir e isso pode fazer o casamento ir por água abaixo, ao contrário da descarga.

O que eu faço nesses casos? Simples. Dou a impressão de ser debilóide. Ela desligou o carro, apagou os farois. Ela quer, não quer? Eu acho que sim. Ela acha que eu acho que sim. Eu acho que ela acha que eu acho que sim. Ela acha... (enfim, você entendeu). Aí chega o momento em que a rua começa a ficar perigosa e eu tenho de perguntar. Isso é o brabo. Ela pode ser meio tontinha e dizer que não bebe café depois das dez e só se tocar que café não era café já em casa, como aconteceu com George Costanza naquele episódio onde ele precisa trocar o cassete da secretária eletrônica da namorada.

E perguntando a coisa há o risco dela presumir que eu penso que ela é esse tipo de garota, e me dizer não-sou-esse-tipo-de-garota-que-você-está-pensando. Quando o tipo de garota que estou pensando é o tipo de garota agradável, boa de conversar, que eu adoraria conhecer melhor, servir um chá de camomila para o caso dela não ser uma escritora em estado de procrastinação, e ir até uns beijos no meu sofá novo, comprado especialmente para confortar garotas do tipo - o meu tipo, o tipo interessante, independente do tipo. Nunca sei de que porra de tipo de garota ela está falando.

Só que não sou bom com transmissões de pensamento, assim ao vivo. Sou um cara de bons canais, de ótima programação, sem muita propaganda e, baseado no horário nobre do encontro, já deu pra sacar que tenho audiência razoável. No entanto é como se no meio do vendaval eu precisasse subir no telhado e ajustar minha antena pra ela compreender que aquele sofá combina bem com o tipo de filme que vamos assistir. Aí parece que perdi meu controle-remoto, quando vejo estou fazendo uma novela e tudo que ela entende são ruídos e chuviscos. Nessa parte eu já escorreguei e caí do telhado.

A verdade é que essa coisa de one-night-stands não é bem comigo. Não porque faço o gênero romântico; ou porque não saio com o tipo de garota que curte essas noites de amor isoladas; ou por não julgar aprazível a ideia de dormir com um semi-desconhecido que pode muito bem ter um pentagrama tatuado entre os seios. Gosto dos riscos. É que hoje em dia organizar um primeiro encontro é tão comum quanto noites de cometa, e você não vai querer estragar tudo fazendo sexo dentro dele.

Sei lá, há montes de regras ou talvez seja fricote demais pra minha idade. Talvez seja aconselhável fazer algum exame de DNA pra saber onde foram parar meus cromossomos Y. Ou, quem sabe, eu revoluciono o sistema de namoros testando a possibilidade de dar uns amassos na carona da minha bicicleta. Ou faço o óbvio e dou um jeito de me automobilizar. Mas, na boa, eu até compraria um carro, se já não soubesse que o problema não é motor ou o tipo de garota. E sim, eu. Só que aí eu precisaria de um recall materno e não é bem pra esse tipo de útero que estou tentando voltar.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Fio incerto


Espera-se, para que se passe, mas e quem não sabe esperar? Se na praia o sol não queimar seu corpo em vinte minutos, já não se tem mais paciência pra esperar mais. Vinte minutos, muito tempo. Pense numa pessoa dessas esperando uma sensação perturbadora passar? É quase um martírio, morte, suicídio. É desesperador. Mas sabemos que vai passar.

São só alguns finais de semanas “perdidos”, só mais algumas noites sem dormir pensando e pensando novamente nas mesmas coisas, nos mesmos clichês de um amor pueril. Pensando nos sentimentos de culpa, calor e dengo.

Como é de se esperar a vida sempre dá um jeito na maioria das ocasiões de virar tudo de cabeça para baixo, ou de então virar o jogo completamente. Embaralhar a vida na relação. Titubear. Arrasar; rasgar todos os planos na nossa cara. Fazendo com que você, se realmente quer, tente recomeçar. Caco por caco, papel por papel, reconstruir. É, muitas vezes isso acontece. Ás vezes dá certo, e depois acaba sendo uma luta de amor com final feliz, superação, força de vontade. Felicidade. Valeu a pena!

Mas e quando, não? Quando isso não acontece, quando se tomam outros caminhos. Isso, aquele que todo mundo já chegou a conhecer, escuro, medonho, cheio de espinhos, cacos intermináveis, frio, solidão. Desespero! É difícil sair dele depois de estar nele. Labirinto. Quanto mais você procura a saída, mas longe você fica dela. E de tanto procurar você para, cansa, desiste, acostuma-se com a dor. E é ruim acostumar-se com a dor.

Você fechou todos os cantos mal preenchidos da sua vida. Menos esse. Esse ficou aberto, porque esse, poucos conseguem blindar. Ou você já nasce assim, ou aceita a rotina de ser uma pessoa emocional, mesmo que só nessas horas. A pior.

Ficar por um fio já é de se preocupar, imagine ficar por um fio, que não o seu? Que é de uma outra pessoa que você ainda não sabe quais serão as reações. A qualquer momento ela pode decidir jogar tudo pro alto; arrebentar; dá um nó; puxar o fio. E aí? E você nesse meio, nesse fio? Como fica? Caída no chão? Não é justo, mas infelizmente é o preço que se paga por ir parar no fio dos outros, e por um só, apenas. Que deixa todas as chances mais escassez.   

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Temos um problema geográfico


Espero que eu não demore dias para mostrar isto aqui a você, dessa vez pretendo de verdade te mostrar, mais você sabe que no fundo eu acabo perdendo a coragem.
Pra começar, nós começamos tortos, porém acredito que não fomos totalmente um erro.

E sim, eu acredito em mudanças, não é a toa que eu já te dei diversas chances mesmo sabendo que a gente NÃO IA DAR CERTO.

Posso não ter sido tão clara ao mostrar sobre as mudanças, mas se você aprendeu comigo que as pessoas “não mudam”, você aprendeu errado. Fui prova viva de mudanças e melhoras. Fui prova do caos a hoje um pequeno pé de vento e busca de uma linha sazonal de paz.

Não sou uma gaiola para te prender, nem muito menos tenho uma boa tesoura para cortar suas asas, minhas tesouras mal cortam papel. Acredito em liberdade, como também acredito que não são os pés e as mãos livres que a nos dará. Um coração amado é muito mais feliz vivendo e compartilhando seu amor.
Por isso eu desde o primeiro beijo te quis para ser meu companheiro, parceiro, e te confiei o que mais há de valor em mim, meu coração.
Sei que meu exagero pode lhe ter sido um susto, mas eu quis te amar sim desde o primeiro dia e te amei, torta louca doente, mas te amei. Só que com meu egoísmo, não percebi que antes de mim você tinha outra vida, pois não bastaria um ponto final meu na minha vida de antes, se a sua ainda era completamente vivida por você, mas só por você.

Um dia paramos. Fui insuportável mais no fundo achei justo sentir o gosto amargo de te perder.

E o tempo ia passando e a insanidade sempre falava mais alto.

Foi longe que me curei, a distancia fez muito bem a nós, se não fez a você fez a mim.

Me tornei mais humana e também menos egoísta e um pouco menos orgulhosa. Foi perdendo você que aprendi a conviver com as minhas dificuldades e tentar respeitar as tuas. Não é fácil, peco, mas sei enxergar meu umbigo e ao redor dele. Sei reconhecer. E se insisto não é por chatice, ou mesmo por acreditar que haverá paz mundial, mas sim que pode existir paz entre a gente.

Eu reli tudo o que escrevemos. Reli para tentar entender o que você queria mesmo me dizer. E eu sei que se eu disser que não quero mais nada, você irá concordar e nem irá se apavorar ou me procurar para uma explicação.
Você pode estar diferente, mas eu conheço você ainda. E no momento você não quer saber de nada a não ser você mesmo. Preciso viver e estou com esta necessidade me cutucando, por isso não farei planos, não sou boa com eles, agendas ou relógios, vou destinar metas, e uma delas é me domesticar.
É ruim saber que você ama alguém, está com essa pessoa, mas essa pessoa não está com você. E nós dois devíamos estar fartos de nos sentir assim, pois por quanto tempo sentimos isso estando juntos?
O que acontece é que eu mudei, e você permanece impenetrável a mim, por que? Você é sincero comigo? Eu sou com você.
Você reclama que falo demais e por falar nisso, falar sobre pessoalidades sempre lhe causou grande fúria, e não que eu não me importasse com sua chateação, pois o que lhe desagrada me desagrada também e sei que isso é uma falha minha, mas eu digo o que penso pra não pesar dentro, porque quando as coisas estão fora elas são mais fáceis de lidar. Se ficam dentro, acumulam, acabam sendo esnobadas e assim esquecidas, mas o inconsciente não esquece. Então, já guardei muito, e, ainda guardo, só que o espaço ficou pouco e prefiro guardar o que realmente vá valer ser degustado ao ser escarrado. E nós dois não somos mais feitos para ter nojo um do outro.
Você conhece meu corpo, o gosto de todos os poros e fluxos dele. Conhece não só quando te amam, conhece meu corpo quando não precisava respirá-lo.
Você pode ter a oportunidade de conhecer minha alma como mais ninguém teve a chance ou o desprazer de conhecer.
De você não tive vergonha de ser fraca, covarde, de mostrar meus medos, meus erros, muito menos meu desespero por não te ter mais.

Você sabe sobre o meu desprezo e minha indiferença, mas no fundo conhece o coração mole e dócil que tenho.

E confesso que realmente não sou a mesma pessoa com meus pais ou com os outros, eu só consegui ser eu mesma com você. Vi que você também não era perfeito e eu podia errar. Você se tornou o par perfeito pra mim e é dolorido admitir que eu não seja o seu. Só que eu não tenho mais força a me forçar a acreditar que você me ama e deseja. Não posso mais insultar meu coração e nem pedir pra que me ame, que seja meu companheiro e eu sua garota.

Não é como nos filmes, mas nossa história daria um livro. Talvez algum dia as coisas que escrevo se transformem em mais uma coisa que eu amo – livros. E talvez seja esta a maneira de você me guardar em sua vida, como um livro em uma prateleira, como você mesmo faz.

Não estou desistindo. Estou racional. Minha cabeça está quase quarada e assim as coisas facilitam para serem pautadas sem que exceda qualquer vírgula.
Não sei também quando irá ler isto. Mas não tenho pressa, só desejo que a gente se acerte, seja qual for o próximo passo, tem necessidade por vida, fazer isto. Devemos-nos essa.


Cansei das nossas doenças mentais. Eu já disse a você que somos capazes de ter paz, basta querermos o mesmo.

domingo, 8 de janeiro de 2012

coleção


Sou essa mistura bioquímica de menina, garota e mulher, e talvez me apaixonar seja minha principal atribuição. Sei lá. Sei que se eu fizesse algum dinheiro com isso, quem sabe os caras da revista Time tocassem minha campainha pra fazer algumas fotos, ou eu estaria agora mesmo respondendo o convite de algum talk-show pra falar sobre amores ardentes, martírio e desilusão. Enfim, eu me apaixono toda semana, das formas mais inéditas. Essa última só fez me flagrar o quanto sou imatura, nada que eu já não desconfiasse.

Acontece com os rapazes mais intoleráveis, entre os tipos, viciados em cheirar ex-namoradas, ostentadores de cavanhaque, adoradores de mãe e líderes de bandas de garagem fracassadas com nomes levianos, tais como "Codornas Asmáticas". Mas nunca um ausente. Uma amiga retornou da Europa cheia de mimos e me chamou lá onde estava hospedada, no apartamento do irmão dela. Após umas risadas, ela teve de ir ao banheiro, e eu pus em prática meu plano subliminar e insensato predileto: fuçar a coleção de discos alheia. Na primeira coluna, abaixo da televisão, meu coração afunda.

Você já deve ter ouvido falar, possivelmente de algum vegetariano combatente, que somos aquilo que comemos. Eu acho que somos o que escutamos. Diga-me os discos que compras, e eu te direi quem és. No caso, o moço do apartamento é decididamente o homem da minha vida. Soube disso já no "Blonde On Blonde", de Bob Dylan. Passar a ponta dos dedos no "London Calling", do Clash foi como um fatal primeiro olhar. O "Ok Computer" do Radiohead foi como o beijo inaugural, ou seja, me fez saber tudo que eu precisava sobre ele. "What's Going On", do Marvin Gaye, me provocou um orgasmo quase seguido de desmaio. Aí "The Dark Side Of The Moon" me pediu em casamento, e a edição rara de Bruce Springsteen com o bônus-track ao vivo de "Thunder Road" fisicamente me palpitou o útero, sugerindo correr até a farmácia passar no débito um teste de gravidez.

A discografia completa dos Beatles. Todos da Legião Urbana. Quase todos da fase antiga do U2. Coisas incríveis como Moby, Carole King, Ramones, Love, Beach Boys, David Bowie, Led Zeppelin, Nirvana, Grateful Dead, New Order, Patti Smith, Eagles, Queen, Guns N' Roses, The Verve, Pearl Jam. Os nacionais Mutantes, Marisa Monte, Clube da Esquina, Titãs, Barão Vermelho com e sem Cazuza, Roberto Carlos 60' e 70'. Como ninguém é perfeito, entre todos há uma antologia do Duran Duran. Mas não há de ser nada, deve ser presente de alguma ex burra e desinformada e morta. No mais, uau. Eu te amo, cara. Como não ficar louca de cara por um sujeito desses?


Pode me chamar de desmiolada, mas talvez você não entenda. Parecem apenas caixinhas acrílicas empilhadas, mas há todo um éden sonoro aqui. Tantos álbuns que eu sabia da existência, mas nunca tive peito de comprar agora com esse lance da era digital. Eis finalmente um alguém que realmente sabe cultivar uma paixão, que conhece o prazer que a ponta dos dedos pode proporcionar - o MP3 matou o romance, não há mais fases de conquista e os longos olhares, o beijo iminente na porta do prédio, os pés se provocando embaixo da mesa do restaurante, os amassos no sofá com todas as luzes apagadas. Agora as pessoas só pensam em baixar, baixar, baixar. As canções e as calcinhas. Sério, quem convidou 2012?

Não sei quanto a você, mas eu sempre achei um saco quando a gente conhece alguém memorável, e essa pessoa memorável não está lá pra nos conhecer. Sim, eu poderia dar um jeito da sua irmã nos aproximar. Sim, eu poderia fazer plantão acocada do outro da rua lendo "O Apanhador no Campo de Centeio" enquanto você não chega. Ou então começar com alguns toques anônimos no seu interfone seguidos de corrida intensa até dobrar a esquina. Quem sabe eu crio coragem e subo até seu apartamento. Pelada. Ou coberta apenas com o "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band". Só pra ver se você me nota e vê em mim o que ninguém até hoje enxergou.

Mas eu tenho medo. Medo de saber o que você acha de Carly Simon e Green Day e da compatibilidade das demais seções da minha coleção. Ou que, vai ver, você pense que eu tenho discos de menos pra merecer você. De qualquer maneira, não sei se estou pronta pra esse tipo de rejeição no momento. Talvez seja melhor e prudente ampliar minha outra coletânea, a de "Paixões-Arquivadas-por-Falta-de-Beijo". Essa ninguém me bate. Estou no topo das paradas, semana após semana.  

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Me deixa


Deixa eu me ferrar, deixa eu me estreprar com quem desdenha de mim na maior parte do tempo. Deixa eu sofrer com as consequências. PORRA, me deixa! Se eu quiser reclamar, deixa mesmo assim. Se eu voltar arrependida, deixa. Pode ter certeza que na realidade eu não estou arrependida de ter feito, ou ficado, estou arrependida de não ter durado mais. Toda mulher passa por isso, tem mulher que não sai nunca, mas enfim. Uma hora ela aprende. Deixa! Tem fases, tem momentos na vida que é preciso 'deixar'. Deixar acontecer, deixar passar, deixar rolar, enfim... Deixar a vida levar. Ir vendo no que vai dá, ninguém é adivinha, a gente tem que passar pra saber.  

Estou cansada de ficar ouvindo dos outros que caminho devo tomar pra voltar a ser feliz. Não há caminho para isso. O que acontece, são pessoas, momentos, realidades, algumas horas ou até minutos. Isso faz a felicidade. Isso constrói. Não dá pra ficar se anulando o tempo inteiro, querer fazer feliz outra pessoa achando que está fazendo um bem mundial na área e quesito "coração e emoção". Não! Parem com isso!

De vez em quando, temos que dar sim chance pra vida nos mostrar coisas novas, pessoas novas, momentos e sensações diferentes. Mas isso tem que estar beneficiando a você de alguma forma, tem que pelo menos te motivar, se não, não está valendo de nada, está sendo em vão. Só á uma pessoa feliz nisso tudo e não é você de qualquer maneira. Então é bom parar pra pensar, que ás vezes é melhor sofrer pela a gente. Ás vezes é melhor sofrer e ser feliz ao mesmo tempo, do que só sofrer e não ver razão pra continuar ou melhorar, NUNCA. Traduzindo, ás vezes é melhor sofrer ao lado de quem se gosta. Do que estar ao lado de alguém que te ama e que vive feliz por estar com você, enquanto você sofre a infelicidade de estar ao lado dela. 

Então vamos abrir a cabeça pra certas realidades obscuras na mente de certas pessoas por aí. Na verdade uma passeata de pessoas que seguem essa meta, ERRADAMENTE (fazendo e seguindo ela errado) na minha opinião. Não basta aparecerem oportunidades, se você não souber distinguir, administrá-las na sua vida, no seu dia-a-dia, na sua cabeça, no seu coração. Tem pessoas que aparecem para se tornarem apenas amigos, apenas colegas, apenas conhecidos e assim vai. Nem sempre dá pra suprir a necessidade de todo mundo, quando a sua ainda está pedindo socorro.
As coisas nem sempre precisam estar perfeitas e nem sempre precisam ser entendidas, basta fazer bem a gente. O que faz bem a gente, raramente precisa de explicação pra gente. Quanto aos outros? "Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração"...

Então, ninguém pode julgar aquilo que faz bem á quem quer que seja. Decisões ás vezes podem não favorecer a muitos, mas em certas situações se não tomadas, viram indecisões para sempre. E quer vida pior, do que viver sem saber? Viver por viver? Sempre procurando entender "O que que eu tô fazendo aqui?". Aquilo que a gente ainda não tem certeza na vida é porque ainda não é firmemente aceito pelo nosso coração. 


Se você precisa sofrer, e acredita que mesmo sendo assim isso um dia vai cessar, seja assim e ponto. Se no outro dia achar que aquela solidão toda te cansou, e quiser tentar buscar outras pessoas, outros lugares em outros destinos, tente. E se logo mais a frente, você se arrepender e quiser voltar para melancolia, VOLTE.
Porque a platéia que te critica, tem que ser a mesma que te aplaude. E com sinceridade. 
Se não for assim... Não vale a pena contradizer, ou concordar. Muito menos discutir.