São
outros tempos, tão diferentes para tantas pessoas. Cada um segue o seu, e nisso
nós vamos aprendendo a respeitar o de cada um. Vamos tentando administrar as
horas para não se enforcar de agonia, não explodir em plena impotência de
sossego psicológico. Vamos percebendo nós mesmos, nossos defeitos, nossas
virtudes, sem precisar de espelho. Errando sem ajuda, e se levantando muitas
vezes sem auxílio também.
Um vínculo; um pacto; um juramento de saber que nós somos o
quanto desejamos ser. E se ainda não somos, seremos. Se ainda não estamos no
caminho, estamos á procura dele. E isso já conta. Nunca saberemos o fim de cada
estrada, o resultado de cada caminho, se faz bem, se faz mal, precisamos
definitivamente nos jogar, porém de olhos abertos. É como num salto livre de
pára-quedas, de que adianta se entregar a uma viagem com uma vista
privilegiada, de olhos fechados? Sem olhar ao redor? Sem olhar por onde você
está passando. Com medo de sentir medo, com medo de ver e não acreditar.
Deixando de ver tantas outras belezas que só se vê lá do alto; vistas,
paisagens e sensações raras. Por que é só disso que irá se lembrar depois.
Há aqueles que preferem curtir com os olhos fechados, a vida.
Que insistem em tapar o sol com a peneira o tempo inteiro. Todos os especialistas
já disseram, “Você ta precisando de óculos, e não são os escuros. Aqueles de
grau, sabe?”, mas ninguém convence estas pessoas, do quanto é bom enxergar a
vida. Tudo ás claras.
Quando nasceram não deram “a luz“, se
esconderam na sombra. Parecem que não choraram quando vieram ao mundo,
permaneceram quietinhas. Sem um pio. Escondem-se tanto, que acabam escondendo
sua personalidade, sua voz, seus temores, com isso suas qualidades ficam
ocultas e acabam sendo o próprio defeito em pessoa. Ninguém sabe o que elas têm para oferecer, o
que de bom podem fazer. Acabam sendo vistas como pessoas ruins, sem ao menos se
mostrarem.
E no fim, não há nada pior do que saber que
você não conseguiu mostrar o quanto bom poderia ser, por pura síndrome do
"esconde-esconde". Que era pra ter ficado lá na infância, lá nas
lembranças do passado. Mas não, você trouxe com você. E trouxe a coisa errada,
dentre tantas coisas boas que se pode ressuscitar da infância
e exercitar na vida adulta, você trouxe algo que pode te trair no caminho.
E que infelizmente ou felizmente, não ajuda na formação de um ser humano legal.
E o pior é que estas pessoas acham que são “misteriosas”. Mal
sabem o mal que fazem a si mesmo. Acham que ser uma pessoa misteriosa está
ligado a esconder-se atrás da escuridão de um óculos, ou de mãos indecisas,
faixas coloridas para tapar o preto e branco dos olhos; ou de travesseiros
encharcados de lagrimas que nunca são soltas, ou faladas, se quer cogitadas
numa conversa qualquer. Tudo oculto. Sentimentos, voz, decisões, personalidade,
amor-próprio, olhos, e pior alma e mente. E uma alma e mente oculta pode-se
tornar a mais colorida das pessoas, em um zumbi. Mas morto do que vivo.
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