terça-feira, 19 de outubro de 2010

. Sonhos e Neuroses .

Nesta época estranha,tanto faz sentir preguiça ou solidão. Tá frio e não quero amar ninguém porque estou entediada e só quero o quentinho dos sentimentos que já existem. Amar alguém deixa as mãos geladas e o coração palpitando. E tô com muita preguiça de sentir agora. Sentir dá trabalho e combina com o verão onde fico mais disposta e invencível. Mas olha, quando o calor chegar prometo que vou me apaixonar por você outra vez, ou por alguém novo que ainda não entrou na história, ou por ninguém e vou continuar vivendo para esperar o frio voltar e eu poder usá-lo como desculpa para toda essa minha falta de vontade. O frio é uma ótima desculpa. E a chuva então? Chuva e frio. Pode ser que eu nunca mais fale se o sol não voltar. Mas tudo bem, porque ninguém vai me fazer tanta falta. E quando entro nessa crise, só minha amiga que também sente a mesma coisa que eu para entender. E saber que alguém mais sente a mesma coisa não muda nada, mas alivia tanto.
-E se a gente nunca se apaixonar por alguém?
-Não sei.
-Acontece com todo mundo uma hora vai dar certo.
-E se a gente nunca mais tiver saco para ninguém?
-Não sei.
-Mas deve ser crise e vai passar.
-Ou o frio?
-Ou somos muito chatas mesmo?
- Mas ó: tem sempre uns tontos que me amam.
Quando ela disse isso, caí na gargalhada porque é a mais pura verdade. A gente nunca ama os tontos que amam a gente. Seria tão simples e estaria tudo resolvido. Mas não. Gostamos do complicado, do quase impossível e daí que surgem as crises que não matam, mas nos deixam assim arrogantes e assustadas com tanta independência. Precisar a gente não precisa, mas querer: queríamos tanto.
E olha que eu nem tô pedindo muito. Para amar alguém incondicionalmente basta que ele ganhe mais do que eu, curta teatro, não tenha uma tatuagem ridícula, seje carinhoso, amigo, que saiba conversar e entenda ironia. Nem é pedir muito vai? E se não for assim, fico sozinha com meu pijaminha novo e quentinho de plush alimentando meus sonhos e vivendo minhas neuroses em paz. Porque a noite pode ser fria, mas o chocolate é quente.
Tem horas que meu desespero não é capaz de competir com a minha calma. Meus surtos não podem e nem querem entrar em conflito com a minha lucidez.
E minha auto-estima quer que minha insegurança pense que ela pode vencer sempre. E todo mundo sabe que essa estratégia de deixar o adversário pensar que é forte e derrubá-lo quando ele menos espera é inteligente. Menos os realmente inseguros, esses não fazem nem ideia, eles só querem a qualquer custo. Eu não quero nada com essa intensidade, então sou bem normal e só estou numa crise tranquila. Nestas épocas estranhas os sonhos passam a ter o mesmo peso que as neuroses e a gente faz o que dá para fazer. No caso, eu escrevo e minha amiga vai pra Itaperuna.

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