quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

. Apaixonar-se .

Com o passar do tempo o apaixonar-se vai se modificando, pois a gente vai se modificando com o passar do tempo.

Antes somos suscetíveis aos encantos apenas de pele, dos olhos, das jogadas de cabelo (lindos e sedosos), dos topetes bem encorpados, charmes sem fim, ou simplesmente no modo como ele coloca o pé na parede ao se encostar no muro do pátio do colégio.

Depois ficamos mais vidradas no corpo, no cavalheirismo, no jeito de falar o nosso nome ao pé do ouvido, se te chama pra conhecer alguém da família, se te leva pra jantar com os amigos ou se simplesmente passa pra te buscar na sua casa para sair.

Mais tarde simplesmente ficamos encantadas se ele responder um SMS, ou atender uma ligação no meio do dia ou da madrugada. Enchem nossos olhos o ato de não sermos ignoradas, ou simplesmente por ele ser solteiro e você não ter que disputá-lo a tapas com ninguém.

À beira dos 30, posso dizer que apaixonar-se hoje é mais questão de não ter jogos, de ter sinceridade, do cara não me ignorar quando preciso falar apenas 'oi' ao telefone. A gente fica menos exigente, e mais, se é que isso é possível. A gente espera menos esperando mais. Ou seja, esperamos o simples, a atitude que vai dar um 'tcharã' na nossa vida, uma coisa que só a gente sabe e que vai estipular uma flechada no meio do coração.

É complexo, e antes era mais fácil, era só o cara dizer 'oi' ou se mostrar a fim que pronto! apaixonei! Hoje não, hoje tem tantos percursos, tantos lugares a ir antes de se deixar apaixonar.... Mas é da vida mesmo, gato escaldado, sabe como é, tem pavor de água fria, e laranja madura na beira da estrada ninguém quer. Cautela. A gente vive sob aviso, cautelosamente, porque se machucar de novo não está nos planos, não temos mais condições disso.

Hoje apaixonar-se é mais difícil, e mais ainda é se entregar a isso se o mal já está feito.

Aline Netto (Datilografia para Amadores)

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