sexta-feira, 19 de novembro de 2010

. Me sara .

"...Depois de você, protagonizei e antagonizei pencas de amores, brinquei de paixão, experimentei gozo e dor, tudo junto, mas nada se compara à esperança bruta e pueril por amores eternos como você e eu. Depois de você, o mundo me ofereceu a possibilidade de amores curtos, abortados por aeronaves decolando, carros versando esquinas, amados fazendo malas, traições a esmo. Mas eu disfarço o fim fazendo mais um chá, retardando ao máximo ejaculações, prometendo ligar sempre amanhã. Sou dos amores sem prazo.

No âmago, a culpa é sua. Eu escrevo porque não sinto, porque não amo, porque meu peito tomou um soco no primeiro round e ainda tonteia 467 relacionamentos depois. Escrevo pra me sentir menos integrante de um planeta onde ser normal é arquitetar meios de dizimação em massa, onde amor não passa de homeostase. Escrevo pra me vingar de todas as pessoas como você, que sufocam toda manifestação de completude.

Não sei da psicanálise. Não compreendo a filosofia. Não aceito a biologia. Sei do medo. Sei de quantas vezes me peguei compulsivamente em camas mornas pra matar uma sede que de nada tem a ver com isso. Também dói se poupar por medo e depois notar se dando de graça pra tantas outras pessoas, sabia? Torço por alguém que chegue e diga que não busca encontro, amor e completude, pra eu saber como é isso.

E fico feliz que tenhas gostado de meus textos. Porque é única coisa que eu tenho pra dar, pois se eu der alguma coisa fico sem nada. Hoje, a gente compartilha algo e já acha que é amor. Eu tento, não vem dizer. Dia desses eu tentei. A vontade voltou no dia seguinte. Ou era prazer vazio ou uma paixão esfuziante. Eu queria acreditar no segundo, juro..."

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