terça-feira, 23 de agosto de 2011

Platéia II

Às vezes eu queria que houvesse uma maneira de existir sem me pesar. Ser e não doer. Ter sem pecar. Mas se nem mesmo acredito no pecado, não tenho culpa cristã.

Sou fragmentos do não-ser mal escolhidos. Meus impulsos podados resultam em um animal pequeno e amuado, que se esconde e se protege sem nem saber do quê.

Que essa solidão me dói é nítido: vê-se nos olhos caídos que o sorriso não disfarça, a lágrima recorrente que a maquiagem não segura. Percebe-se no meu discurso, essa tentativa falha de expressar com voz o que só sei dizer no papel. Não lido bem com plateias, preciso entender. Preciso aprender a me calar como forma de falar.

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