terça-feira, 7 de junho de 2011

Ainda não citei o caso "Osama"...

Lembro bem de 2001. Não bebia tanto, trabalhava menos e o Twitter não existia – o que me dava uma distância confortável dos inúmeros babacas que um dia seriam reunidos. A vida era menos imediatista. Dava para segurar uma piada que você havia pensado pela manhã e largá-la à noite para os amigos sem qualquer prejuízo intelectual. Sem comentários como “#Fail” ou “plágio!” desenhados nos cadernos de 30 matérias.

Era um momento interessante de uma geração que viu um novo milênio surgir, e um Fim do Mundo ser arremessado num cheque pré-datado “bom para 2012”. A internet ainda não era o hidrante de informação profetizado pelo primeiro presidente da Fundação Mozilla, Mitchell Kapor. Ainda telefonávamos para marcar encontros. Ainda nos reuníamos com mais frequência.

Eu estava em casa em setembro de 2001 tomando um café com leite que muito se assemelhava ao rio Tietê, mais pelo cheiro que pela cor. Sorvi um grande gole ignorando os 300 graus nos quais ele fora concebido, quando no exato momento a imagem do primeiro prédio atingido surgiu. Chamei o pessoal da casa através de mímica, achando que tinha sido uma explosão qualquer ou até mesmo um avião de pequeno porte.

Tive o pensamento “que bela oportunidade pro mundo acabar” em duas vezes na vida: quando levei meu primeiro fora e quando o segundo avião atingiu a outra torre. Uma imagem perturbadora que me acompanhou por muito tempo. Agravada pelo desencontro de informações, desesperos e pessoas se jogando de quase um quilômetro de altura.

Olhando assim de fora, com outra nacionalidade na certidão de nascimento – e principalmente bem longe do centro de Nova York -, humanizar a captura de Osama é fácil. Julgá-lo numa corte internacional e fazê-lo pagar pelo que fez seria o razoável. Mas, honestamente, não saberia como agir se 3 mil de meus patrícios fossem mortos inocentemente.

E Milosevic e Saddam? Bem, eles eram chefes de Estado, não aspirantes à mártir. Bin Laden nunca foi representante de instituição nenhuma, a não ser do terror.

Não. O mundo não vai ser um lugar mais seguro sem Bin Laden. Nem enquanto houver banda colorida, sertanejo universitário, combustível caro e filiado do PSTU. O negócio é se precaver e, se mesmo assim não der certo, tentar desviar.

Paranoia nenhuma diminui quando há toneladas de informação batendo em nossa porta. E esse ano já se findou antes da chegada de junho.

Como bem disse Paulo Velho, a vida é como um jogo de xadrez: sexta-feira passada só se falava do rei e da rainha. Domingo beatificaram o bispo. Depois deram xeque-mate em quem derrubou as duas torres. E eu aqui de peão, trabalhando que nem um cavalo.

Esse texto não respondeu nada. A morte de Bin Laden, por enquanto, também não.

Tio Dino

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