terça-feira, 18 de outubro de 2011

Casei

Eu penso que estou ficando velha desde que eu tinha 15 anos de idade. Hoje, praticamente uma anciã, sinto sinais claros de envelhecimento. Não que meu espelho esteja acusando alguma coisa. Minha pele continua lisinha apesar de tanto sol e quase nenhum protetor solar. Meu corpo está melhor hoje do que quando eu tinha 15, porque me acostumei a ser magra e não fico enchendo o saco da minha mãe, querendo engordar. Meu cabelo finalmente saiu do duas cores e está mais escuro para um tom que combina mais comigo. A gente vai criando certas noções com o tempo. E, talvez, esses sejam os sinais mais evidentes de que estamos envelhecendo.

Depois de muitos carnavais, acampamentos e festas com pessoas que nunca fizeram a mínima diferença na minha vida, eu comecei a só beijar pessoas que vão fazer alguma diferença. Depois de me envolver com caras bacanas e caras idiotas, caras legais e caras chatos, caras sarados e caras flácidos, comecei a perceber que o cara certo não tem um rótulo. Ele simplesmente te quer. A idade, ou a maturidade, ou o envelhecimento... ou seja lá o que for, me fez perceber que é muito adolescente esse negócio de querer quem não quer a gente. Hoje, se o cara não me quer, sinto muito. Vá se catar, ou catar outra pessoa. Sei exatamente o que quero pra mim. E, definitivamente, quero alguém que me queira.

Mas o sintoma mais grave de envelhecimento está por vir: ando fazendo compras pra casa. Isso mesmo. Já faz algum tempo que caminho pelas lojas e só me interesso por edredons, lençóis, travesseiros, conjuntos de toalhas e tapetes para banheiro. Me atraio por louças e toalhas de mesa. Que pessoa da minha idade gasta tempo e dinheiro com coisas de casa se ela não vai se casar nem está mudando de apartamento? Sim, uma pessoa que se casou com ela mesma.

Uma pessoa que herdou uma cama de casal pra dormir sozinha. Que comprou lençóis brancos e um edredom de 2,80m pra esquentar ela mesma. Uma pessoa madura o suficiente pra gostar da sua própria companhia. Uma pessoa que não ocupa o espaço sobrando na sua cama com pessoas que sobram na sua vida. Uma pessoa que também não vai ser sobra na vida de ninguém. E, sim, essa pessoa sou eu.

Envelhecer tem seu preço. Você fica muito mais exigente. Você quer lençóis 100% algodão com num sei quantas centenas de fios (entendo tudo de lençol agora!). E você não importa de pagar mais caro por isso. Você quer um cara que seja 100% seu (continuo sem entender nada de homens!). E você vai pagar o preço que for pra isso. Você exige qualidade e durabilidade. Exige material de primeira linha. Você não compra mais roupa de cama que acaba na primeira lavada. Você não tolera relacionamentos que desbotam depois da primeira noite. Você não quer tecido que tenha nem 10% de poliéster. Não quer 15 caras te ligando se nenhum deles te interessa.

Ando nessa fase de lua-de-mel com a cama nova e comigo mesma. Curtindo minha própria companhia. Mudando os móveis de lugar. Jogando fora os lençóis velhos. Dando pros outros os relacionamentos antigos que eu não quero mais. Me reciclando. Amadurecendo. Tecendo meu casulo novo pra criar asas e virar borboleta. Passando por um processo de transformação pra crescer. E o melhor disso tudo? Esse é o tipo de casamento que dura pra sempre.

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