
Não acho que seja o caso de zombar dos pobres coitados. Vistos de perto, somos todos patéticos. Mulheres doces nos impõem sua vontade com olhares tristes, mulheres organizadas dão ordem na nossa vida e se colocam no centro dela, mulheres maternais enchem a nossa casa de adoráveis crianças. Isso acontece todos os dias, envolvendo homens adultos com considerável caráter. Não acho que seja apenas o resultado da negociação entre iguais. Nem de coerção. Minha impressão é que os homens, quando admitem uma mulher na vida deles, assumem que elas vão de alguma forma tomar conta. Há uma espécie de rendição. Talvez comodismo. O grau em que isso acontece varia, mas a direção é sempre a mesma: elas controlam. Mulheres bravas só tornam explícita uma situação que na maior parte dos casos é sutil.
De onde vem esse comportamento? Da mãe, claro. Nós, homens, somos os filhos. Rebeldes ou obedientes, mas filhos. E elas, mulheres, são as mães. Bravas ou meigas, mas mães. É simples, é impressionante e às vezes me parece inexorável. Depois de ser gestado, parido, amamentado, alimentado, acalentado, aquecido, protegido e repreendido por uma mulher, durante toda infância e boa parte da adolescência, quando o nosso cérebro e nossa personalidade estão em formação, como é possível se relacionar com outra mulher sem assumir, em alguma medida, o papel de filho? Não sei. E a minha analista não me conta. No dia-a-dia, o que os homens fazem é administrar a tendência controladora das parceiras e a sua própria vocação para ser domesticado. Falava ontem com um amigo que está casado pela segunda vez, com uma mulher consideravelmente mais delicada do que a primeira. Ele me dizia como, anda assim, é difícil manter o leme da própria vida. Ela é organizada, metódica, determinada e, se ele bobear, sequestra a agenda da casa. Como isso fez muito mal ao seu primeiro casamento, ele tenta evitar que se repita. “Às vezes eu engrosso só pra marcar posição, mesmo sabendo que ela vai prevalecer”, ele me disse. O lado bonitinho disso tudo é que o laço da dependência se fecha apenas com amor. Se uma mulher tentar controlar um sujeito que não gosta dela, vai dar com os burros n’ água. Por linda ou gostosa que seja. O controle é emocional, não sexual. Em algum momento antes de se submeter, o cara tem de sentir medo de perder a atenção daquela fêmea terna ou esbravejante. Com o tempo, a obediência pode se converter em hábito, mas ela começa como paixão. Com o tempo, a submissão também pode se converter em ódio puro e simples, e esse é um bom motivo para evitá-la. Outro motivo é que esse tipo de relação broxa. As mulheres adoram nos domesticar, mas rapidamente enjoam de homens que precisam da aprovação delas para tudo. É um paradoxo que elas frequentemente não percebem – mas que nós, se gostarmos delas, deveríamos aprender a perceber. E evitar.
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